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Resenha | Um Jeito de Recomeçar, de Filipe Salomão

O efeito da tristeza na vida de alguém

Caroline é uma jovem que se vê diante de uma tragédia. Seu pai assassina sua mãe e se mata em seguida. A primeira pessoa a ver os corpos é a moça e isso a afeta profundamente. Em “Um Jeito de Recomeçar” o leitor é lançado de início no caos da vida de Carol. Filipe Salomão não nos poupa nem nos prepara para um cenário trágico.

O livro é sobre a rotina da moça após essa tragédia. Completamente abalada pelo fato ela decide “sumir”. Faz suas malas e parte em uma viagem para lugar algum. Acaba se refugiando em uma ilha, que ela crê ser deserta, no litoral paulistano e se hospedando em uma pequena pensão.

O livro é composto por poucos personagens. Além de Carol teremos paralelamente a sua história as narrativas do casal proprietário da pensão – Vavá e Berta -, outro casal de funcionários – Estela e Conrado -, pai e filho que moram na região e também são funcionários da pensão – Chico e Augusto – e mais um hóspede – Gustavo.

O que realmente importa nessa narrativa é como a protagonista precisa que tudo gire ao seu entorno. Ela é a que mais sofre, a que mais está triste, a mais atingida pela crueldade da vida. Em princípio ainda pode ser ter o mínimo de empatia por ela, mas com o desenvolver do enredo, isso fica um pouco difícil. Há momentos em que desejamos que ela caia do alto da pedra na qual ela sobe todos os dias para lamentar sua vida horrível.

Desde o início o autor deixa explicito que os conflitos existentes em “Um Jeito de Recomeçar” estão relacionados a sexo, desejo e traições conjugais. Esse é o motivo da morte dos pais de Carol e essa será a força condutora da moça para mudar sua vida.

O livro possui poucas páginas, o que facilita a sua leitura (li ele todo em um dia), mas também o que prejudica as mudanças apresentadas na protagonista. Mesmo que gradativamente se perceba que seu desgaste emocional está mudando a sua relação com as pessoas, as sequências da sedução e do sexo como meio de sabotagem e autosabotagem foram inseridas de maneira muito brusca. A vantagem é que cria a sensação de que foi uma ideia idiota que “deu na telha”, a desvantagem é que Carol poderia ser muito mais uma fusão de Paola e Paulina Bracho.

Outro incômodo que tive foi com as relações de amor e ódio. Mas não um incômodo com a argumentação do enredo e sim com ter empatia pela personagem. Para uma mulher que quer sumir e se tornar independente, Carol está completamente presa a uma concepção de que mulher se odeiam naturalmente. E isso é levado até Estela. E tudo é inveja porque naquela mente pequena, de alguém que está imerso em seus privilégios ela representa o supra sumo da perfeição. Uma pena ela não ter a oportunidade de dialogar mais com dona Berta.

O que Carol quer mesmo é atenção. E com isso ela carrega em si os piores dizeres sobre uma mulher. Ela é falsa, manipuladora, louca, doente, irresponsável, lascívia… Não sei se entendi ou me convenci do tanto que ela precisava ser assim. Foi mais uma leitura na qual a personagem com traços de psicopatia ou alguma doença mental está associada a loucura.

E, por discursar várias vezes sobre como a humanidade é terrível, percebo que faltou desenvolver essa dualidade humana, que mostram as nuances de “bem e mal” nos demais personagens. Até ouvimos o pescador falar sobre sua relação com a mulher que o abandonou, mas ela fica ao fim, mais parecendo uma bengala para as últimas – péssimas – escolhas de Carol. A história das calcinhas na cama ou da paixão avassaladora são mais coerentes. Mais uma vez, acredito que pela pouca quantidade de páginas.

“Um Jeito de Recomeçar” é indicado para quem gosta de livros sobre a mente humana, sobre relações interpessoais, tudo com uma boa dose de sexo.

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UM LIVRO DE FILIPE SALOMÃO UM JEITO DE RECOMEÇAR CAPA

Um Jeito de Recomeçar
Autor: Filipe Salomão
Formato: eBook Kindle
Tamanho do arquivo: 616 KB
Número de páginas: 107 páginas
Quantidade de dispositivos em que é possível ler este eBook ao mesmo tempo: Ilimitado
Vendido por: Amazon Servicos de Varejo do Brasil Ltda

Yasmine Evaristo

Artista visual, desenhista, eterna estudante. Feita de mau humor, memes e pelos de gatos, ama zumbis, filmes do Tarantino e bacon. Devota da santíssima Trindade Tarkovski-Kubrick-Lynch, sempre é corrompida por qualquer filme trash ou do Nicolas Cage.

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