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Entrando Você Numa Fria: Especial Escritores- Pauline Alphen, autora das Crônicas de Salicanda

Olá, leitor! Hoje, trago em uma postagem especial, com  a escritora Pauline Alphen, autora da série Crônicas de Salicanda. Aqui no Brasil, já foi publicado o seu primeiro volume, pela editora Companhia das Letras no final do ano passado (2011), o livro: Crônicas de Salicanda- Os Gêmeos, livro 1. Se você perdeu a nossa resenha, clique aqui. 
Atenção, no final da entrevista tem um presentinho para vocês. Boa leitura! 
 
Vamos conhecer a autora: 
 PAULINE ALPHEN
 Nasceu no Rio de Janeiro, em 1961. Filha de pai francês e mãe alagoana cresceu na França e ainda hoje vive em Paris. É escritora, tradutora e autora de livros infantis. Em 1994 publicou o livro de poemas Aviso aos navegantes (edição artesanal) e participou da coletânea Língua solta (Rosa dos tempos). 
 Prêmios:
 Prêmio FNLIJ 1998, categoria Jovem. Livro: ODALISCA E O ELEFANTE, A (1998).
Prêmio FNLIJ 1998, categoria Escritor Revelação. Livro: ODALISCA E O ELEFANTE, A (1998).
Prêmio FNLIJ 2000, categoria Criança. Livro: DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO (2003).
Prêmio White Ravens 2000, categoria . Livro: ODALISCA E O ELEFANTE, A (1998). 
 Outras Obras:
OS GÊMEOS (2012) – Autor
A PORTA ESTAVA ABERTA (2007) – Autor
DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO (2003) – Autor
A ODALISCA E O ELEFANTE (1998) – Autor
Confira a entrevista que a autora nos concedeu: 

Pauline, primeiramente agradecemos a gentileza de ceder seu tempo para que possamos  entrevistá-la. Vamos saciar um pouco a curiosidade dos leitores. 
Pauline Alphen: Obrigada a vocês por essa oportunidade de “conversar” com os leitores brasileiros!
 1-   Crônicas de Salicanda foi lançado na França inicialmente, a repercussão foi enorme em tão pouco tempo. Como você montou todo o cenário dos acontecimentos e os nomes dos personagens?
Pauline Alphen: Eu comecei a pensar na história das Crônicas de Salicanda em 2000. As linhas gerais e os personagens principais já estavam presentes nessa época. No entanto, muitas coisas vão se definindo ao longo do trabalho.
Eu passo parte do meu tempo de trabalho pensando nessa aquitetura, nessa arquitextura, em como tecer a trama, o recido da narração. Faço quadros, esquemas, desenhos, a fim de definir quem faz o quê, quem diz o quê e como. E principalmente por quê. É uma parte mais “racional” do trabalho.
Porém, enquanto escrevo, posso explodir os planos, furar os esquemas, apagar os desenhos. Pode uma família inteira de personagens surgir na esquina de uma página e mudar tudo. Aconteceu com a família Borges. Aconteceu com Ugh logo na primeira cena do primeiro livro. É a parte não planejada do processo. Eu adoro quando isso acontece, quando não controlo, quando os personagens me surpreendem, quando a história desvia do que eu achava que ia acontecer. É preciso que haja uma estrutura para desestruturar, um chão onde se apoiar para alçar voar.
Escrever essa longa história tem sido como viajar. Eu sei de onde saio, por onde quero passar e onde quero chegar. Mas não sei quanto tempo vai levar a viagem, se vou demorar mais aqui ou ali, se  vou encontrar pessoas novas e querer conversar mais um pouco, se vou me apaixonar… Tudo pode acontecer durante viagem. Felizmente !
2-   Você retrata muito bem a evolução de nosso mundo dentro do enredo. Melhor, você vive a história junto aos personagens. Alguma forma de inspiração ou necessidade de acreditar em alguma mudança no futuro aconteceu em sua cabeça?
Pauline Alphen: A história é dos personagens e, quando escrevo, eu sou esses personagens. Sou cada um deles e as relações entre eles. Cada personagem tem voz, personalidade, cara, roupa, gestos específicos, desejos, medos, emoções próprias.  Quando escrevo, passo de um para outro. Uma forma de desdobramento múltiplo de personalidades J !
Necessidade de mudança no futuro? Claro ! A realidade do planeta não é tão maravilhosa que prescinda de mudanças.
Mas quando comecei a escrever essa história, esse não era o motor. O motor era e continua sendo os personagens, o que acontece com eles e entre eles. O “contexto” foi se delineando depois. Por exemplo, em 2000, eu já sabia que houvera uma Grande Catástrofe no passado de Salicanda, mas não sabia o que a tinha provocado. A preocupação com o meio ambiente, com a orientação econômica e política que imprimimos ao planeta, apareceu sete anos depois, quando comecei de fato a escrever o primeiro livro. Provavelmente porque eu precisava desse tempo para amadurecer. E a história precisava desse tempo para poder acontecer.
3- Essa pergunta pode ser clichê, mas onde saiu a idéia da construção de gêmeos para o enredo? Sinto que algo no mundo real serviu de inspiração.
Pauline Alphen: Na verdade, não. Algumas coisas são construídas tijolo após tijolo, outras vêm prontas com tudo em cima. Os gêmeos foram uma evidência. Eu queria contar da relação entre irmãos, desse elo tão especial, ter um irmão, ser irmão de alguém. Queria falar do que é ser um menino ou uma menina, por dentro e por fora, para si e para os outros. Claris e Jad traziam tudo isso.
4-   O primeiro livro: Os Gêmeos- Crônicas de Salicanda, foi lançado no Brasil em dezembro de 2011. Com direitos retidos pela Companhia das Letras. Como foi feito todo o processo entre ambas? Você veio ao Brasil? Bateu aquela ansiedade? Uma vez que, o que assusta, você, uma autora brasileira, ter lançado inicialmente o livro fora, servindo como ponto de referência para o lançamento aqui no Brasil. Nós leitores, ficamos sempre curiosos quanto ao processo de compra de direitos até a hora do lançamento.
Pauline Alphen: Meus primeiros livros foram escritos em português e publicados no Brasil onde eu morava na época, pela Companhia das Letras. Voltei para França há mais de 20 anos e os livros das Crônicas de Salicanda (Les Eveilleurs) estão sendo escritos em francês. Fiquei muito feliz quando a Companhia das Letras se interessou pelo livro. Fazia todo sentido que essa história existisse em português e que fosse essa editora que a publicasse. E como tive a oportunidade de colaborar com Dorothée de Bruchard na tradução, de certa forma foi como se eu o escrevesse em português também!
Não foi possível ir ao Brasil quando saiu o livro mas irei em julho/agosto e espero realmente ter oportunidade de trocar idéias com os leitores.
Claro que bate ansiedade e emoção ! E medo… Como vai ser? Será que o encontro entre o livro e os leitores vai dar certo? Um livro é uma garrafa ao mar… A gente nunca sabe o que vai acontecer…
5-   A série já possui dois livros publicados na França, aqui no Brasil ainda sem data prevista. Pelo nosso acompanhamento, o terceiro está sendo publicado. Quantos livros irá compor a série?
Pauline Alphen: Acabo de escrever o terceiro volume e a história não chegou ao fim ! Ele será publicado na França em junho. O quarto está bem adiantado.
Talvez sejam cinco volumes ao todo. Mas como disse antes, a viagem pode oferecer tantas surpresas…
6-   No decorrer da leitura, você depara com algumas referências, como O Senhor dos Anéis. Como você sintetizou todas essas referências para dar vida ao enredo? Surgiu aquela preocupação de fugir de uma idéia original, ao usar outros pontos de referências? Ou a escrita ocorreu sem medo?
Pauline Alphen: As referências não foram usadas na construção do enredo. Apareceram naturalmente como sendo as referências dos personagens, da Claris. São homenagens a livros de que gosto. E foi divertido decidir de forma totalmente egocêntrica quais seriam os clássicos do futuro. J
Enquanto estou escrevendo, não tenho medo. Dúvidas, às vezes, mas medo não. A história me leva.
7-   Gostaríamos também de saber um pouco de você: Por ser filha de brasileira com francês. Você é natural de qual país? O que você acha do Brasil? Você sempre visita nosso país?
Pauline Alphen: Eu sou brasileira e francesa. Franco-brasileira: sou esse hífen. Em francês, hífen se diz “traço de união”. Minha sina é sentir falta de um quando estou no outro. E tentar unir os dois. Vou ao Brasil sempre que posso, minha família mora aí. Sinto muita falta deles, da língua, das pessoas, do mar, das cores, do país.
8-   Você lançou outros livros. Conte para nós quais? Assim, podemos conhecer mais um pouco dessa grande autora.
Pauline Alphen: “A Odalisca e o Elefante”, um história que torna possíveis todas as histórias de amor impossíveis.
“O outro lado do Atlântico” que conta como o Brasil quase foi francês.
“A porta estava aberta” que fala da morte de um avô e de como seu neto descobre sua árvore genealógica.
“Cabeça de sol”, uma história para pequeninos.
Todos pela Companhia das Letras menos o último que a Rocco publicou.
Dois livros de poesia…
Os outros foram publicados em francês.
9-    Todos os leitores querem saber: Poderemos esperar Pauline Alphen em alguma Bienal no Brasil esse ano ??
Pauline Alphen: Eu ainda não sei ! Tomara que sim !
10-Pauline, pelo aumento no número de leitores, o interesse de muitos em escrever seu primeiro livro e entrar ao mundo editorial é grande. Você passou por altos e baixos até a finalização. Dentre suas experiências o que você aconselha essa galera que está ou pensa em escrever seu livro? Alguma formula mágica?
Pauline Alphen: Acho que é preciso diferenciar escrever e publicar. Escrever é um ofício que se aprende, como qualquer outro. É um processo demorado e solitário. Não há escolas ou faculdades para aprender a escrever (pelo menos no Brasil e na França não existem). Então só há uma forma de aprender: fazendo. Lendo e escrevendo. Escrevendo, escrevendo, escrevendo, escrevendo…
Para quem quer escrever, a única coisa a dizer é: escreva, muito, sempre, reescreva, trabalhe.
Publicação, reconhecimento, profissionalização, são outra parte do processo. Uma parte que depende de tantas fatores imponderáveis além do talento e do trabalho: encontros, oportunidades, sorte etc.
Aos dez anos de idade, quando eu escrevi meu primeiro texto, percebi que era o que eu queria fazer, o que eu queria ser, o que eu era. Uma necessidade, um desejo, uma forma de respirar. Escrevi durante anos, muitos, sem nunca pensar em publicar, só fazendo, aprendendo. “A Odalisca e o Elefante”, meu primeiro texto a ser publicado, só o foi em 1998. Aquilo de que falava antes: o tempo das coisas.
11- E se…… recebesse um convite para uma adaptação ao cinema?? Você aceitaria a alteração de muitas partes do enredo? Como você presencia essas adaptações? Eu mesmo, não aprovo. O leitor que assiste o filme, não ler o livro. Perdendo o aprofundamento dos acontecimentos e deixando confuso em uma possível continuação daquela adaptação.
Pauline Alphen: Vamos deixar o Steven Spielberg, o Georges Lucas, o Peter Jackson e o Michel Ocelot fazerem suas propostas, aí a gente vê quem oferece mais e aí… 
Falando sério, um livro levado ao cinema assume outra forma, outra maneira de contar uma história. É uma aventura diferente. Não sei como lidaria com isso. Mas topo descobrir !
12-Você participou na escolha da arte da capa aqui no Brasil? A capa verde, com menções do futuro, deixou ela muito atrativa, despertando interesse dos leitores. Fora uma diagramação que não encontramos erros.
Pauline Alphen: Geralmente, o autor não participa da escolha da capa nem das ilustrações —quando o livro é ilustrado—. É o trabalho que se faz entre o ilustrador e a editora. Mas a editora me mostrou a capa e eu pude dar minha opinião. Achei muito bonita, gostei do movimento, da energia, e me pareceu que espelhava bem o livro.  Tenho lido muitas opiniões positivas a respeito da capa de “Os Gêmeos”.
13- Como não foi lançado aqui no Brasil, a continuação das Crônicas de Salicanda, diminua nossa ansiedade. O que os leitores poderão esperar dessa continuação.  Nossos amigos passarão por outros problemas?
Pauline Alphen: Não posso… Não é sadismo não. É só que sou péssima para resumir meus livros. Mas posso dizer que, no segundo volume, o universo onde cresceram os gêmeos explodiu e eles vão ter que seguir caminhos que não suspeitavam. E o leitor também…
14- Após a finalização das Crônicas, já existe algum projeto de uma nova série?
Pauline Alphen: Por enquanto as “Crônicas de Salicanda” ocupam todo meu tempo. Mas com certeza vou retomar um projeto de que gosto muito e cujo primeiro livro saiu pela Companhia das Letras já há alguns anos: “A Odalisca e o Elefante”. É um estilo muito diferente das Crônicas, eu adoro escrever essa história. Estamos planejando já o segundo livro da série da Odalisca.
15- Para finalizar, alguma mensagem aos leitores brasileiros?
Pauline Alphen: Que são bem-vindos em Salicanda !
E que podem escrever seus comentários e perguntas no meu blog: pauline.alphen.over-blog.fr
Parece que é difícil acessar de alguns servidores brasileiros, espero que não haja problemas.
É um blog dedicado aos leitores. Nele, escrevo artigos falando do processo de escritura e respondo a todos os comentários. 
A casinha onde Pauline passa a maior parte do dia.
 Pauline, a equipe do Entrando Numa Fria, agradece de coração o seu tempo doado para nossa entrevista, tentamos ao máximo expor novas perguntas. Fico muito contente em ter essa oportunidade. Muito obrigado mesmo.
Pauline Alphen: Obrigada a você, Philip, e toda a equipe ! Esse trabalho que fazem com os livros, fora dos circuitos comerciais, é muito legal e importante para a circulação dos livros e das idéias. Parabéns !

“Esse tema do tempo, do tempo de que as coisas precisam me interessa. O ritmo das Crônicas de Salicanda não é um ritmo típico de Fantasy, não é o pulsar da ação desenfreada. É o tempo humano, o tempo dos personagens, o tempo da leitura, o tempo da vida acontecendo com suas acelerações e suas demoras…” 
            (Pauline Alphen)
 Promoção: Crônicas de Salicanda- Os Gêmeos.
Para quem acompanhou nossa entrevista com a autora Pauline Alphen, chegou a hora de sortear um exemplar do livro para vocês. Preparados? Vamos as regras:

1-  Ser seguidor do blog Entrando Numa Fria, no Google Friend Connect, ao lado.
2- Curtir no Facebook:

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A Página da Companhia das Letras

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4- Comentar na resenha de Crônicas de Salicanda: Os Gêmeos. 
5- Comentar nessa postagem para válidar a promoção. Deixe seu e-mail para contato.

Informações importantes:
– A promoção começa hoje, 05/04/2012 e termina às 18h do dia 28/04/2012.
– O resultado será divulgado no blog. 
– Iremos sortear pelo randon.org pelo número de comentários em ordem aqui na entrevista. Por isso, deixe nome e e-mail, ou twitter. Quem esquecer de por o contato, estará desclassificado.
– O livro será enviado em 30 dias pela editora Companhia das Letras.

Deixem um recadinho, dúvidas nos comentários, a autora irá responder. 
Desde já agradecemos a Companhia das Letras, pelo carinho e a autora, por ceder essa entrevista. =D 

Philip Rangel

Philip Rangel é estudante de direito, administrador e resenhista do Entrando Numa Fria, técnico em informática, nárniano, pertence a grifinória, leitor assíduo, futuro escritor, amante de livros, séries e filmes.

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