LivrosResenhas

Livro: “O Elefante Desaparece”

Titulo: O Elefante Desaparece

Título original: ZO NO SHOMETSU

Autor: Haruki Murakami
Tradução: Lica Hashimoto
Capa: Alceu Chiesorin Nunes
Páginas: 304
Formato: 15.00 X 23.40 cm
Peso: 0.452 kg
Acabamento: Brochura
Lançamento: 13/04/2018
ISBN: 9788556520623
Selo: Alfaguara

Apresentação: Com a mesma genialidade com que escreveu seus romances mais famosos, 1Q84ou Crônica do Pássaro de Corda, por exemplo, Haruki Murakami usa esta coletânea de contos para tomar o senso de normalidade de assalto. Um homem vê seu elefante favorito desaparecer, dois recém-casados sofrem de uma fome avassaladora que os faz roubar uma lanchonete no meio da noite, e uma jovem mulher descobre que a forma de se livrar de um pequeno monstrinho verde pode estar ligada a seus próprios pensamentos: esses são apenas alguns dos contos que integram essa seleção de dezessete histórias. Por vezes assustador, por vezes hilário, O elefante desaparece é mais uma prova da habilidade que Murakami tem de ultrapassar as fronteiras da realidade — e de voltar carregando um tesouro.

“O Elefante Desaparece” é escrito no formato de contos, o que pode parecer a união entre o melhor de dois mundos para quem é fã do gênero e também do escritor japonês. É sempre desafiador o trabalho do contista, pois ele precisa ser capaz de criar uma narrativa interessante e coesa (porém nem sempre conclusiva) ao mesmo tempo em que tenta imprimir sua assinatura pessoal—a de Murakami, por exemplo, é bastante perceptível. Exemplo disso são seus protagonistas, geralmente indivíduos comuns, envolvidos em rotinas enfadonhas, e que por algum motivo cruzam a fronteira entre o real e o fantástico. Mas há diversos outros temas recorrentes, como mulheres que desaparecem, música clássica, uma certa fixação com orelhas femininas e, por que não, gatos.

Mesmo que situações absolutamente surreais se desenrolem, os personagens não necessariamente se abalam—de certo modo, mostram até naturalidade ao conviver com as estranhezas que, de repente, trazem algum nível de perturbação à ordem do dia a dia. Há entidades misteriosas e um flerte com o sobrenatural, como é de se esperar, mas também um pouco de melancolia. O estilo de vida moderno é frequentemente criticado por Murakami e costuma ser associado com a solidão e a dificuldade em se relacionar com o outro. Isso faz com que seja relativamente fácil se identificar com esse aspecto das tramas.

Por se tratar de uma coletânea com dezessete histórias, é normal que umas se sobressaiam às outras, como “Sono”, que já havia sido publicada anteriormente. Seu enredo se desenvolve a partir do drama de uma mulher que, subitamente, não consegue mais dormir. Mas essa condição não faz com que ela fique permanentemente exausta, e a surpresa está no fato de sua mente continuar funcionando perfeitamente, e até com maior disposição, após ela não precisar mais do repouso diário. Por outro lado, as horas que ela passa acordada fazem com que acabe refletindo sobre aspectos de sua vida para os quais normalmente ela não andava dedicando muita atenção—como, por exemplo, o seu casamento.

Ainda que seja prazeroso ver Murakami se aventurar no terreno fértil, porém traiçoeiro, do formato de conto, é preciso ressaltar que a repetição de alguns elementos acaba prejudicando um pouco a experiência de leitura.

Avaliação: 3/5

Ronan Sato

Especialista em assuntos aleatórios. Apesar de descendente de japoneses, não sabe afirmar com certeza se prefere comida indiana ou sushi

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.