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Meu Mundial: Para vencer não basta jogar (Mi Mundial, 2018)

Meu Mundial: Para vencer não basta jogar (Mi Mundial, 2018)
Direção: Carlos Andrés Morelli
Elenco: Facundo Campelo, Nestor Guzzini, Candelaria Rienzi, Roney Villela.
Roteiro: Carlos Andrés Morelli e Martin Salinas

Tito (Facundo Campelo) é um garoto talentoso, que sonha em se tornar um grande jogador de futebol. Aos 13 anos, ele chama a atenção de um importante olheiro e consegue fechar um contrato milionário com um time. Do dia para a noite, Tito tira a sua família da pobreza e começa a assumir as responsabilidades do mundo adulto, mas é só quando as coisas começam a dar errado que o garoto voltará a encontrar no esporte algo além de um compromisso profissional.  

Baseado em um sucesso da literatura infantil uruguaia, o longa Meu Mundial, dirigido por Carlos Andrés Morelli, teve exibição no 46º Festival de cinema de Gramado em 2018.

Tito Torres (Facundo Campelo), um garoto de 13 anos , tem um talento espetacular: com uma bola nos pés não há nada que ele não possa fazer. Titular no time de sua cidadezinha Nogales, sonha em se tornar profissional. Ruben (Néstor Guzzini), seu pai, torce e o incentiva, não só no esporte como nos estudos, coisa que Tito vem deixando de lado. O garoto está repetindo a 6ª série. Nas horas vagas, Tito e sua amiga Florencia (Candelaria Rienzi), praticam lançamentos, pegadas e estratégias. Ela também o ajuda nas atividades escolares, por vezes fazendo-as em seu lugar. Tito também cuida de seus irmãos enquanto os pais trabalham.

A situação da família não é nada fácil, Rubem tem que se dividir em dois subempregos para sustentar a família e com as desilusões, acaba por retalhar os sonhos do filho. Um dia, Tito chama atenção de um agente esportivo Rolando (Roney Villela), que faz uma proposta irrecusável. Um teste para um time de maior expressão na capital. Após comprovar suas habilidades, Tito, encara de perto a realização de seu sonho.

Com a mudança para a grande cidade, Ruben teme pelo futuro do filho e se preocupa bastante com a  escolaridade do garoto, que é gradativamente deixada para escanteio. Rolando, começa a e exercer mais influência sobre Tito, que começa a sucumbir ao sucesso e aos desejos de afirmação. Esse caminho de independência e rebeldia, para o muito jovem jogador, poderá trazer grandes problemas para ele e sua família.

Morelli, que além de dirigir, assina com Martin Salinas o roteiro de “Meu Mundial: Para vencer não basta jogar”, cria um mundo especial na pequena cidade de Nogales. Lá, temos a dificuldade, a intenção de crescimento e temos também a segurança para Tito. Seu lar, onde existem amigos. Ruben, tinha o controle da situação, mesmo em dificuldades.

Na cidade grande, isso muda de figura, Tito começa a ser o provedor da casa, graças seu talento, e a família comeca a ver os benéficos . Enquanto seu pai, tem uma visão pessimista aos acontecimentos, sua mãe, Marisa (Verónica Perrotta), cansada de passar dificuldades, enxerga tudo pelo lado bom. Entrando em conflito com próprio marido,  diante dos negócios. E em meio à tudo, Tito segue em seu sonho, com esforço e dedicação, mas também se afastando cada vez mais da família e amigos.

Além da pressão física, Tito sofre na procura da aceitação por parte dos colegas de time, mais velhos e experientes, que causam nele o efeito da imagem a ser alcançada.

Tito é a representação do dom. Talento em forma bruta que precisa ser lapidado. Rolando, é o desejo e a coragem, sempre encontrando um meio de conseguir o que precisa, na maioria das vezes pelo caminho mais fácil e quando não lhe interessa mais o descarte é certo.

O filme, de forma rasa expõe a criação do star player. Da noite para o dia, um jogador de futebol,  não é somente um jogador de futebol, e sim uma celebridade. Fio condutor para várias empresas e quando não guiado corretamente acaba se desviando do caminho, inclusive entre crianças e adolescentes que estão em sua formação. Em suas quase duas horas de metragem, esse interessante mecanismo não é explorado, assim como o arco de pai e filho.

Néstor Guzzini, nos surpreende com um trabalho realista e contundente em suas nuances. Um misto de alegria e preocupação. O ator foi premiado em Gramado, com o kikito por sua atuação.

Verónica Pereira e César Troncoso, mereciam um maior tempo em cena. O estreante, Facundo Campelo executa bem seu papel de protagonista e dá um show de bola.

Com um tom realista, o longa nos leva ao íntimo que nos faz sonhar e que esse caminho não é fácil.

O futebol, além de paixão mundial,  sempre estará presente nos sonhos das crianças, as vezes distante, as vezes bem próximo de se concretizar, e a real luta desses sonhadores e consigo mesmos.

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