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Resenha: Em Pedaços – Lauren Layne

Nome do Livro: Em Pedaços
Nome Original: Broken
Autor(a): Lauren Layne
Tradução: Lígia Azevedo
ISBN: 9788584391172
Editora: Paralela
Páginas: 248
Ano: 2018
Nota: 4/5
Onde Comprar: Compare Preços

Olivia Middleton é o tipo de garota que muitas queriam viver a sua vida, com diversas roupas de grife para se divertir com os amigos, estuda administração em uma faculdade conceituada de Nova York, tem dinheiro para comprar o que quiser. Porém, tudo desvanece quando ela comete algo que a deixa no chão, se sentindo solitária, culpada. Ela consegue uma oportunidade de cuidar de ex-soldado por três meses de sobrevivente da guerra do Afeganistão, que mora Bar Harbor, cidade do interior do estado americano do Maine . Olivia não tem experiência e nem precisa disso, mas ela vai com um único propósito: ir como penitência pelo que fez. A moça vai fugir de tudo e de todos para se esconder da vergonha que está sentindo.

Paul Langdon, era o garoto clichê na escola, quarteback na escola, bonito e bem relacionado com as pessoas. Um dia ele decidi ingressar para o exército e é enviado para o Afeganistão. Ele estava prestes a viver seu pior pesadelo. Ele retorna com sequelas físicas e psicológicas. Paul se torna solitário… quer dizer, a sua única companhia é o uísque. Seu pai sempre investe em pessoas para cuidar dele para fazer companhia, mas Paul consegue expulsá-los rapidamente. Até quando chega Olívia.

Quando li a sinopse deste livro logo me veio a ideia de conter diversos clichês histórias dramáticas, ainda mais quando elas são releituras modernas de A Bela e a Fera. Não estou dizendo clichês são ruins, eu os amo, mas quando é mal escrito é um caminho para perdição. No entanto, Lauren Layne me surpreendeu com uma história fascinante, que me lembrou de Beleza Perdida, de Amy Harmon, pela sensibilidade colocada aos personagens.

Estava com tanta pressa de escapar do mundo que nem parei para pensar que muitas vezes a fuga anda de mãos dadas com a solidão. Pág. 99

Olivia tem de tudo para ser o pacote de clichês de uma trama com certa quantidade de bagagem dramática na trama, como a menina rica privilegiada, fresca e faz acepção de pessoas e logo quando se encontra numa realidade diferente cai em si, e amadurece. É quase isso que acontece, mas a protagonista tem consciência de tudo que é, mas ela um coração bom, sabendo da sua realidade e sentindo algo errado, mas não sabe o que é. Ao cometer um erro ela se vê na oportunidade de usar como escape o emprego de cuidar de um sobrevivente de uma guerra. Olivia imaginava que seria alguém mais velho, não um rapaz novo, equiparando com sua idade.

Paul é um rapaz de vinte e quatro anos solitário. Tudo aquilo que viveu no Afeganistão vai além da cicatriz no seu rosto e a perna enfraquecida, mas sim, no seu psicológico. Ele viveu momentos traumáticos, perdendo amigos e carregando o peso da culpa que também deveria ter morrido junto com seus companheiros. O jovem é mal humorado, bruto, mal educado com todos ao seu redor, até mesmo seu pai. Quando Olivia chega ele não irá medir esforços para afastá-la, pois além de não querer dó de ninguém, também não quer ficar perto de uma mulher tão linda e que o atrai. Essa vida de ter algum relacionamento, para Paul, não existe mais, faz parte do seu passado.

A protagonista começa a ter objetivos quando chega na casa dos Langdon, como curá-lo não fisicamente, mas ajuda-lo na área psicológica como desabafar, ter sua confiança. E se esforçará ao fazer o rapaz exercitar sua perna que está enfraquecida, na qual ele se recusa colaborar. Para ela, Paul na maioria das vezes é como uma criança mal criada, por sua teimosia. Ela não abaixa a cabeça com a afronta do rapaz. Sim, ela fica triste muitas vezes, mas não se retrai.

Em algum lugar lá dentro, um demônio me diz que eu vou decepcioná-la. Que vou destruí-la. Pela primeira vez desde o Afeganistão, eu o ignoro. Pela primeira vez, eu me deixo acreditar que o passado – minhas cicatrizes – não me define. Pág. 201

Os protagonistas foram muito bem desenvolvidos e apresentados ao leitor. De um lado uma menina fugindo de um erro que cometeu, e vai aprendendo com os dias que é preciso se perdoar, por entender que estamos propícios aos erros, mesmo aqueles vergonhosos e que nos machucam. Do outro lado, um rapaz que desistiu da vida e está apenas sobrevivendo, mas aos poucos vai encontrando motivação para se reerguer e perceber a oportunidade de viver intensamente a cada dia que amanhece.

Como dito acima, a obra é uma releitura moderna de A Bela e a Fera. A autora fez relação com da trama com o clássico voltado mais para o lado emocional e físico do rapaz ao se encontrar uma bela moça com o coração bondoso. Podemos observar que a essência da história é essa, e Layne consegue extraí-la e inserir na trama de maneira primorosa.

O romance tem seus momentos engraçados, diálogos bem construídos, embates fortes, cenas calientes intensas, mas tudo sob medida, sem exagerar e sem tornar algo enfadonho.

Para os fãs de um bom New Adult, Em Pedaços, primeiro volume da série Recomeços é uma ótima recomendação. Você certamente vai se emocionar com a história de Olivia e Paul, apesar de assumir que passará raiva de vez em quando com o protagonista, mas nada que atrapalhe o desenrolar da trama, que é escrita de maneira sensível e humana.

Em pedaços é uma história de perdão, recomeços, valorização da vida e que em meio aos frangalhos que a vidas às vezes nos coloca, podemos ter dentro de nós uma força nunca imaginada e pessoas ao nosso redor para mostrar que podemos nos reerguer e enfrentar de cabeça erguida as adversidades da vida.

Laura Layne também é autora de Mais que Amigos, também publicado pela editora Paralela.

Jornalista como profissão e bookaholic por prazer. Amo livros, especialmente os New Adults. Sou viciado em séries, mas sempre paro pela metade para começar outras. Aerosmith, Bom Jovi e todas essas bandas antigas são minhas preferidas. Aliás, sou extremamente nostálgico.

Luke

Jornalista como profissão e bookaholic por prazer. Amo livros, especialmente os New Adults. Sou viciado em séries, mas sempre paro pela metade para começar outras. Aerosmith, Bom Jovi e todas essas bandas antigas são minhas preferidas. Aliás, sou extremamente nostálgico.

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