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Semana Especial Loney: A Construção da atmosfera

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Loney é uma das apostas da editora Intrínseca para o semestre. O livro e escrito pelo autor Andrew Michael Hurley, apresentando em sua escrita uma espécie de “horror psicológico”. Antes de prosseguirmos é legal entendermos o que significa dizer que a escrita se baseia em um horror. Diferente de terror, quando lemos e entendemos por meio de imagens, ocasiões dentro do meio dos personagens e suas atitudes acerca de outro personagem. O que muitas vezes lemos nos livros de Stephen King.

O horror psicológico acaba deixando o leitor visualizar em sua mente criando algo terrível ou ensejar por algo que pode a vir acontecer, o que de tão sombrio e terrível acontece em um lugar, como está intrinsicamente destacado dentro da escrita de Hurley. A atmosfera criada é algo que pelas suas características ao descrever o que realmente seria o “Loney”, deixa o leitor muito curioso com a forma de inserir tudo, além de fazer uma jogada na mente das pessoas de algo terrível do que pode ou não vir acontecer misturando ainda religião; como a crença e mitologia para arrepiar as pessoas. Não existe aqui um doente que necessita de vingança para satisfazer seus instintos. Existe uma crença enorme que ali pode obter a salvação.

Vou detalhar em pequenos trechos da obra:

“Às vezes, essas tragédias viravam notícias, mas a inevitabilidade acerca da crueldade do Loney era tamanha que geralmente essas almas juntariam-se, esquecidas, às incontáveis outras que pereceram ao longo dos séculos na tentativa de domar o lugar”. (p. 13)

Bem como:

“Embora pudesse parecer enfadonho e sem atrativos, o Loney era um lugar perigoso. Uma porção indômita e inútil do litoral inglês. Uma foz de baía morta que enchia e vazava duas vezes por dia e fazia de Coldbarrow, um pequeno pedaço de terra deserto a um quilômetro e meio da costa, uma ilha. As marés podiam subir mais rápido do que o galope de um cavalo e todo ano algumas pessoas morriam afogadas. Pescadores azarados desgarravam-se da rota e acabavam encalhados. Catadores de mexilhões oportunistas, alheios ao perigo com que estavam lidando, dirigiam seus caminhões areia adentro na maré baixa e apareciam na praia semanas depois, com o rosto verde e a pele enrugada”. (p. 13)

Este último trecho temos o que parece uma definição mais construída para entendermos a atmosfera criada pelo autor, que somente ao ler a obra você entenderá onde ele quer/quis chegar. Se levarmos para o lado psicológico, entenderemos que mente humana é muito fácil de ser manipulada e foi por ai que o autor usou e abusou na construção dos personagens e na ambientação do lugar. As pessoas que entravam ao Loney, não voltavam normais. É o que a transparência do autor nos sinaliza!

Uma atenção maior a obra, é tomar cuidado ao ler, devemos pensar em todos os detalhes e entender que na obra um personagem que conta os acontecimentos do ocorrido, algo que traumatizou na época quem esteve presente e uma morte sem respostas. Fora que a obra apresenta uma ambientação rodeada de névoas, chuvas fazendo o leitor esperar o pior com algum personagem e nos questionarmos os motivos de tudo.

Muito cuidado ao ler e se decepcionar, somente depois que você entender a diferença entre o terror e horror compreenderá e aceitará o resultado alcançado pelo autor. É muito chamativo a escrita, mas ao decorrer da leitura não espere soluções. O que ao meu ver o autor quer visualizar ao encerrar sua escrita é identificar a reação de seu leitor.

Philip Rangel

Philip Rangel é estudante de direito, administrador e resenhista do Entrando Numa Fria, técnico em informática, nárniano, pertence a grifinória, leitor assíduo, futuro escritor, amante de livros, séries e filmes.

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