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Asteroid City

“Asteroid City” , novo filme de Wes Anderson, chega aos cinemas brasileiros no dia 10 de agosto. Confesso que conheço pouco do diretor, mas comparado ao que vi em “Grande Hotel Budapeste” seu estilo e método minimamente calculado faz de seu trabalho, ao mesmo tempo, uma bênção e maldição. 

O elenco estelar da produção, não mede esforços para entregar uma história inteligente e com pitadas de humor. Alguns nomes presentes no filme são: Jason Schwartzman, Tom Hanks, Scarlett Johansson, Jeffrey Wright,  Tilda Swinton, Edward Norton,Scarlett Johansson,  Maya Hawkwe,

Nesta história, somos conduzidos por um apresentador, o incrível Bryan Cranston, que revela ao público que tudo que veremos é apenas uma apresentação de teatro. A peça fictícia, segundo o apresentador, contém três atos e foi encenada por mais de 700 dias. Paralelo a isso, ainda temos duas subtramas: os bastidores da peça pelos olhos do dramaturgo e a peça em si. 

Asteroid City cratera

Apresentando Asteroid City

Chegamos a Asteroid City, uma cidade em que um asteroide caiu e deixou uma cratera enorme, no deserto de 1955. Conhecemos o local, em primeiro lugar,  pelo ponto de vista de Augie Steenbeck (Schwartzman), de seu filho  Woodrow (Jake Ryan) e das filhas trigêmeas. Em princípio, o fotógrafo tem a difícil missão de contar a sua família sobre a morte de sua esposa. 

Em seguida, outras figuras aparecem, dando charme e trazendo mais elementos que complementam o contexto do que o telespectador assiste em tela. Dessa maneira, conhecemos a atriz Midge Campbell (Johansson), o general Grif Gibson (Wright), o cowboy Montana (Rupert Friend), o mecânico Hank (Matt Dillon).

Algo que deixa a desejar, entretanto, é a extrema necessidade de explicação. Mesmo que vejamos pontos de vista diferentes é como se o filme quisesse explicar o óbvio a todo momento. Além disso, a forma como esse roteiro é apresentado deixa o filme lento e os acontecimentos demoram a serem desenvolvidos. Além disso,  ter muitos personagens prejudica o ritmo, pois não “enxugar” os excessos, ou seja, escolher alguém para ter mais relevância na história faz a produção perder seu brilho.

O diretor usa e abusa desses personagens para trazer mensagens como a questão da descrença, bem como a espetacularização do desconhecido e a possibilidade de criar coisas novas ou a disputa por terras. Tudo isso está nas entrelinhas de sua obra e são coisas que até conversam de maneira bacana, porém a narrativa fica tempo demais nesses assuntos, ao invés de optar por uma única temática e seguir por ela.

Asteroid City Scarlett Johansson

A estética de Wes Anderson

Outro ponto que se destaca e muito, é seu design de produção, com o uso de cores em tons pastéis.Mas o que mais salta aos olhos é sua montagem categórica. Em cena, tudo que olhamos tanto na peça representada, quanto o que vemos pelos olhos do diretor, os ângulos e planos se tornam atores. A escolha dos planos traça limites de lugares para um personagem entrar, falar o seu texto e sair. Dessa forma a impressão que fica é a de que existem dois atores: o que vemos e a própria câmera ao mostrar o personagem. 

Toda essa engenharia em sua montagem e até no que vemos nos bastidores e o que é apresentado no programa, aparece demaneira pontual. É provável que isso provoque duas reações, ou você pode amar, ou odiar essa forma de contar história. Os figurinos e cabelo e maquiagem, ajudam a dar um tom para o filme que fica entre o drama e a comédia. Gosto dessa narrativa dramédia, sobretudo quando observo reações como as que vi na sessão em que estava. Pude ouvir risos diante das situações estranhas em que os personagens chegavam, bem como da forma que saiam dela, tudo meticuloso e bem pensado.

“Asteroid City” é um filme que chega com tudo nos cinemas brasileiros, trazendo críticas relevantes. Talvez, ver Wes Anderson preso em sua própria forma de narrar essa história pode ser interessante, mas sabemos que esse tipo de filme não é para qualquer um, até porque ele é conhecido por suas fotografias bonitas, produção de milhões e ótimas críticas. Resta aguardar se a Academia dará alguma indicação.

Escrita pelo colunista convidado Marcos Tadeu

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