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Filme: “Bacurau”

Bacurau (Brasil, França. 2019)

Direção e roteiro: Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles

Elenco:  Barbara Colen, Sônia Braga, Udo Kier, Thomas Aquino, Silvero Pereira, Thardelly Lima, Wilson Rabelo, Carlos Francisco

Produção: CinemaScópio, Arte France Cinéma

Co-produção: Globo Filmes, Canal Brasil, Telecine Productions, Símio Filmes

Distribuidor brasileiro: VITRINE FILMES

 Pouco após a morte de dona Carmelita, aos 94 anos, os moradores de um pequeno povoado localizado no sertão brasileiro, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa. Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade pela primeira vez. Quando carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer, Teresa, Domingas, Acácio, Plínio, Lunga e outros habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Falta identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.

Bacurau é aquele filme estranho e por vezes incômodo, cheio de reviravoltas, mas quando a sessão termina você fica extasiado na poltrona do cinema.  Mais uma vez o diretor Kebler Mendonça Filho juntamente com o diretor Juliano Dornelles presenteiam o publico com um filme resistente e corajoso onde alegorias sociais e políticas se misturam a barbárie explosiva e violência explícita.

Assim como seu filme anterior Aquarius (2016), Kebler Mendonça divide Bacurau em 3 atos, sendo o primeiro dele o mais longo e contemplativo de todos. E no primeiro ato através de Teresa (Bárbara Colen) que somos apresentados ao vilarejo de Bacurau e seus moradores Domingas (Sônia Braga), Acácio/Pacote (Thomas Aquino), Plínio (Wilson Rabelo) e Lunga (Silvero Pereira). Mas não se apegue a personagem de Bárbara Colen, ou melhor, não se apegue a nenhum desse personagem, pois o que os diretores nos dizem é que a cidade de Bacurau é o personagem principal nesse filme.

No inicio da história somos levados a crer que estamos diante de um drama familiar vivido pela família de Teresa após a morte da matriarca Dona Carmelita. Somos apresentados ao professor, a médica, a prostituta, o guerrilheiro, o político corrupto e é justamente nessas apresentações que  tem inicio as alegorias sócio-políticas da narrativa como, por exemplo, a alegoria do político em época de eleição que distribui donativos.

Há vários gêneros cinematográficos ao longo da película, que começa com um drama familiar mostrado quase que de forma documental. No segundo ato da trama a narrativa se desenvolve em torno de mistério e suspense ao redor de uma dupla de motoqueiros e na presença de norte-americanos no país (mas que segundo o personagem de Udo Kier não estão ali). Esse segundo ato se assemelha ao cinema hollywoodiano, com seus personagens exageradas, planos maquiavélicos e soluções gratuitas.

Pode-ser dizer que no terceiro ato todas as pontas soltas do filme são amaradas. Os atos de barbárie e violência  são elevados ao máximo onde muita carnificina e sangue se misturam aos psicotrópicos utilizados por seus moradores. Bacurau pode ser considerado um filme atemporal, pois os temas abordados e símbolos trabalhados são atuais e pontuais em nossa sociedade. Mesmo não sendo ambientado nos grandes centros de pais Bacurau se revela uma obra extremante necessária e relevante para o nosso entendimento de identidade e nação.

Nota 5/5

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