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Mostra de Cinema de Tiradentes – Segundo dia | Cobertura Festival

A relação do espectador com a Mostra de Cinema de Tiradentes está sendo, em razão da pandemia, indireta. Indireta também é a mensuração do sucesso. Ontem por diversas vezes, o site ficou pesado. Assim, é fácil pensar que o público tem se apresentado em massa para ver os filmes da mostra. Em contrapartida, parece que desistiram de incluir a interpretação em Libras, pelo menos na programação de ontem.

Destaques ao ofício de fazer cinema

Para o cidadão médio que curte cinema, mostras são uma abertura de horizontes. Quase todos sos filme da Mostra estão disponíveis no site, mas seguir a curadoria e assistir os filmes em destaque de cada dia permite um passeio que se integra aos debates promovidos a cada dia.

Ontem, por exemplo, recortei uma frase que foi dita: “Antes de tudo o cinema é meu ofício.” O recorte surgiu num debate em que Adirley Queirós falava sobre o ato de criação de um filme. Desde a abertura parece que esse tema do ofício se coloca muito forte na temática desse ano.

Faz sentido, em especial quando pensamos em todo o ataque que o cinema nacional vem sofrendo de forças políticas nos últimos anos, sentido agora pelo fim de um ciclo de apoio institucional. Os artistas reforçam que mais do que ideias, eles são trabalhadores. O ofício se coloca sob o holofote. Voltando à abertura da mostra, em príncipio vemos que o ofício é diferente da mecanização (das lógicas de mercado). Afinal, é o cinema autoral defendendo seu peixe. O que nos leva…

O cinema de gênero e a Mostra Meia-noite

Rodrigo Aragão e maquete de seu último filme

Inesperadamente, num primeiro momento para mim, a discussão de gêneros no cinema se ateve ao filme de terror de baixo orçamento. Me surpreendi muito que se tenha dito alfo como “o espectador brasileiro está descobrindo o cinema de gênero”, quando das 10 maiores bilheterias nacionais, 9 se se enquadrariam na caixinha. Então me lembrei de onde estava.

Um “Dez Mandamentos” não seria reconhecido nem como gênero aqui, talvez nem mesmo um “Tropa de Elite”, pelo menos não depois dos anos que passaram. Não são (ou deixaram de ser) autorais o bastante. O problema é só que, por definição, o cinema de gênero precisa se apoiar em convenções para funcionar, o que é o oposto do que é celebrado na mostra.

O diretor Rodrigo Aragão, na sua roda de conversas, disse que para mergulhar no cinema de gênero (ainda que falasse apenas de terror) é preciso entrar em contato com a criança que o artista já foi. Concordo, e digo que vale também para fazer scifi, fantasia e mesmo comédia. É um exercício de olhar pra dentro e pra trás.

Talvez, e apenas talvez, o meio termo poderia ajudar tanto o cinema autoral quanto o cinema de gênero no país.

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