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Filme: “Midsommar – O mal não espera a noite”

Midsommar – O mal não espera a noite (Midsommar. EUA, 2019)

Direção e roeiro: Ari Aster

Elenco: Florence Pugh, Jack Reynor, Will Poulter, Willian Jackson Harper, Archie Madekwe, Henrik Norlén, Anders Beckman, Julia Ragnarsson,

Produção: A24

Distribuidora Internacional: A24, Dutch FilmWorks (DFW)

Distribuidor brasileiro: Paris Filmes

Sinopse: Dani e Christian formam um jovem casal americano com um relacionamento prestes a desmoronar. Mas depois que uma tragédia familiar os mantém juntos, Dani, que está de luto, convida-se para se juntar a Christian e seus amigos em uma viagem para um festival de verão único em uma remota vila sueca. O que começa como férias despreocupadas de verão em uma terra de luz eterna toma um rumo sinistro quando os moradores do vilarejo convidam o grupo a participar de festividades que tornam o paraíso pastoral cada vez mais preocupante e visceralmente perturbador. Da mente visionária de Ari Aster surge um conto de fadas cinematográfico encharcado de pavor onde um mundo de escuridão se desdobra em plena luz do dia. (Paris Filmes)

Atenção:  o texto contém spoiler

Midsommar – O Mal não espera a noite é o segundo longa de Ari Aster, que se tornou conhecido e celebrado por seu trabalho como roteirista e diretor do impactante  “Hereditário” (2018). Estrelado por Florence Pugh, Jack Reynor e Will Poulter.

Com um prólogo forte e tenso, a trama se apresenta de forma contundente. Os dramas e sentimentos dos personagens principais estão bem delineados e realistas. As sutis mudanças na fotografia,  que vai se tornando mais clara e nítida no decorrer da trama,  se contrapõe ao sentimento dos seus personagens, que se mostram gradativamente confusos e histéricos.

Dani (Florence Pugh) e Christian (Jack Reynor) vivem em um relacionamento desgastado. Sem enxergar futuro na relação, o rapaz faz questão de demonstrar seu desinteresse. Com o incentivo de seus amigos, Mark (Will Poulter) e Josh (William Jackson Harper),  ele decide viajar para a Suécia e talvez por um fim em tudo. Guiados por Pelle (Vilhelm Blomgren), eles pretendem visitar uma comunidade rural e acompanhar o festival Sol da Meia-noite (Midsommar). Já Dani, com medo da rejeição prefere seguir acreditando em um possível futuro para os dois.

Após uma grande tragédia familiar, Dani, completamente sem estruturas e passando pelo luto, cria uma dependência tóxica por Christian e ele passa por cima de suas vontades,  mesmo sem tato, em apoio a namorada. Vivendo em uma relação por piedade, Christian tenta manter o laço sentimental, mas é difícil. Dani, se descontrola e se humilha algumas vezes. Tudo neste relacionamento é incômodo e apático. Após ela descobrir os planos da viagem, Christian, fugindo do confronto a convida para ir junto, para surpresa de seus amigos. 

A viagem espetacular os leva a paisagens lindas e iluminadas. Eles são recebidos na comunidade com alegria e festividades. Logo se interessando, participam da rotina dos afazeres e seus rituais pagãos.

Com o uso de alucinógenos e com regras rígidas, o agradável festival vai se tornando sinistro e surpreendentemente violento para os visitantes. Dani e Christian terão que enfrentar seus problemas e medos, além de não se deixarem envolver por seus desejos ocultos.

O primeiro ato nos apresenta o ritmo da narrativa, o realismo passa para uma quase fábula de um lugar místico celebrando suas lendas através de rituais milenares. Com bastante detalhes sobre a cultura da comunidade, o filme é rico visualmente. Contando a história através de ilustrações nas casas e monumentos do vilarejo. A luz dourada do sol, o verde dos campos, o branco das vestes e as cores primárias nas flores em toda e todos da comunidade se contrapõe aos visitantes que estão chegando, suas vestes em maioria são em tons escuros.

A tensão claustrofóbica, é inteligentemente criada através da trilha sonora e da artifício de primeiro plano, já que o filme se passa, em sua maior parte, em paisagens naturais a céu  aberto. Um indício de grande direção são as cenas silenciosas em que os rituais são realizados. Infelizmente, em alguns momentos essa tensão não é sustentada e acaba caindo no cômico. O segundo ato já começa em transformação, da quase fábula cultural pulamos para a violência desconfortável. Florence Pugh, com uma segura atuação, com todas as nuances de seu luto e seu medo de abandono. O misto de terror e fascínio pelo desconhecido trás o novo ritmo a ser seguido. Que por vezes se torna confuso e sem profundidade. Os coadjuvantes perdem a lógica, se tornando apenas condutores para futuros acontecimentos.

No terceiro ato, temos a confirmação do que já era esperado, com alguns conflitos sem a devida profundidade, o filme perde um pouco sua necessária ambiguidade. Sua conclusão é mais satisfatória visualmente. Algumas questões levantadas, não são respondidas e após certo ponto, não há mais necessidade de responde-las.

Mesmo com alguns problemas, Aster se confirma como um bom diretor do gênero. Com identidade. E prende a atenção do expectador nas audaciosas 2h e 27m. Incomoda com beleza, diz com o silêncio, encanta com violência.

* escrito pela colaboradora Pérola Krissia

Trailer Oficial:

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