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Livro: Boy Erased: Uma Verdade Anulada – Garrard Conley

Título: Boy Erased: Uma Verdade Anulada
Título original: Boy Erased
Autor: Garrard Conley
Tradutor:  Carolina Selvatici
Ano do lançamento da edição: 2019
Páginas: 320
Editora: Intrínseca
Onde Comprar: Amazon

Em seu elogiado livro de estreia, Garrard Conley revisita as memórias do doloroso período em que participou de um programa de conversão que prometia “curá-lo” da sua homossexualidade. Garrard — filho de um pastor da igreja Batista, criado em uma cidadezinha conservadora no sul dos Estados Unidos — foi convencido pelos próprios pais a apagar uma parte de si. Em uma tentativa desesperada de agradá-los e de não ser expulso do convívio da família, ele quase se destruiu por completo, mas encontrou forças para buscar sua identidade e hoje é ativista contra as terapias de conversão.Tocante e inspiradora, a história de Garrard é um acerto de contas com o passado, um panorama complexo das relações do autor com a família, com a fé e com a comunidade. O livro é o testemunho dos traumas e das consequências de se tentar aniquilar parte essencial de um ser humano.

Um dos livros mais polêmicos que li até o momento. Liberdade! Algo que nos traz felicidade e ao mesmo tempo nos sufoca quando somos presos em um mundo de mentiras ou aprisionados por outros para que a felicidade possa brotar para eles, não para nós.  Aqui, a liberdade tem um preço e deve pagá-la para ser livre.

Boy Erased representa muito bem o quão sufocante uma pessoa se moldar para agradar a outra. Não somente do lado homossexual como é a aposta do livro, mas em um contexto geral para qualquer lado. É como se tivéssemos em uma bolha e aos poucos ir sufocando. O difícil é entender quem somos em ter um caminho para se guiar. O pior é quando uma pessoa não se mostra quem realmente é, se esconde pela Igreja, brinca de ter fé, se anulando, escondendo ao passar do tempo. A pessoa não sabe o caminho que ela se encontra, faz as vontades dos outros e como aqui, dos pais para esconder de uma sociedade que molda o individuo.

Para aquele leitor que não gosta de falar de feridas, não é muito indicado!  A dor ultrapassa muitos momentos do que acreditamos conhecer. Garrard Conley, trás suas memórias, mesmo alterando alguns personagens reais para não se comprometer, também porque dentro ele não poderia escrever, levar celular ou gravar nada. Ele desabafa, entregando o seu lado doloroso, por ter passado quando ainda adolescente uma experiência internado, fazendo terapia de reorientação sexual.

Muitos podem dizer que é a “cura gay”, que nada mais é pela narração do livro uma tortura psicológica que é feita em um processo de progressão e regressão. É entender o que é aquilo do que é errado para uma grande maioria. Os traumas são fortes, eu desconheço o que é apresentado, mas respeito uma vez que está mais perto de nós do que imaginamos. Com pessoas que se mostram exteriormente algo, mas interiormente choram, sofrem, gritam e até adoecem.

Conley é muito simples em sua escrita, mesmo que a ficção entre no meio em determinados momentos para repassar um choque ao leitor. As suas duas linhas temporais me incomodaram um pouco, não achei ser positivo. Não há diagramações distintas, deixando a leitura meio duvidosa, complicando o entendimento no tempo pelo leitor. Uma forma de se situar muitas vezes foi perdida. Os fatos são meio rasos, já que a meu ver possa existir uma explicação: a dificuldade do autor transpor nas páginas seus traumas revivendo-os ao retornar no passado.  O resultado esperado dependerá muito da sua empolgação em absorver tudo. A obra não me impactou tanto, quanto foi realmente falada pelo filme.

Em alguns momentos me cansei, parei um pouco e fiquei refletindo o que realmente o autor estava sentindo. E quais explicações essas que deixaram ele nesse estado… etc. Aqui deixo minha opinião pela obra literária, não pelos acontecimentos ou julgando o ser humano. O livro é um grito de quem sofreu muito e importante para acordar muitos que se sentem ainda escravos da sociedade ou pelos nossos familiares.

A editora Intrínseca trouxe uma obra muito importante para ser discutida de muitos problemas que a sociedade vêm passando; a homossexualidade. Queria poder falar mais, discutir mais, mas fugiria com o propósito de avaliar o livro.

Leitura muito recomendada para quem precisa conhecer um sentimento daqueles que se escondem e não sabem qual rumo seguir ou confiar!

Philip Rangel

Philip Rangel é estudante de direito, administrador e resenhista do Entrando Numa Fria, técnico em informática, nárniano, pertence a grifinória, leitor assíduo, futuro escritor, amante de livros, séries e filmes.

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