Crítica | Luta Por Justiça

As pessoas não deveriam ser julgadas por sua cor de pele

Chega ás salas de cinema do Brasil, nessa quinta, 20 de fevereiro. O filme “Luta por justiça” do diretor Destin Daniel Cretton (“O castelo de vidro”, 2017). No elenco temos Michael B. Jordan (“Pantera Negra”, 2018), Jamie Foxx (“Robin Hood – A origem”, 2018), Brie Larson (“Capitã Marvel”, 2019) entres outros.

“Luta por Justiça” é baseado numa história real e também no premiado livro de Bryan Stevenson, “Just Mercy: A Story of Justice and Redemption“.

Iremos conhecer a história de Walter McMillian (Jamie Foxx), um homem negro, acusado pelo assassinato de uma mulher branca, em 1987, na cidade de Monroville. Ele foi condenado a morte, sem terem nenhuma prova que o ligasse ao assassinato, exceto o depoimento de um homem branco – que não era uma pessoa muito confiável – e estaria motivado pelo racismo.

Bryan Stevenson (Michael B. Jordan) é um jovem advogado recém-formado e talentoso que luta pela igualdade de justiça em um sistema legal falho. Juntamente com Eva (Brie Larson) criam uma instituição para defender condenados que estão no corredor da morte numa penitenciária do Alabama e que não tiveram amparo legal digno, pois muitos deles estão lá principalmente por sua cor de pele e não pelos crimes que cometeram.

Em alguns momentos da trama é citado o Museu do livro “O sol é para todos” do escritor, Harper Lee, como se fosse uma referência de que a cidade de Monroeville não é racista. Claro que isso não é verdade, o racismo está estampado em todos os lugares, principalmente na divisão das comunidades negras e brancas da cidade. Não existe comparação entre “O sol é para todos” e “Luta por justiça”, a não ser o fato de que os dois casos ocorreram em Monroeville, cidade onde o livro foi escrito. “O sol é para todos” foi adaptado para os cinemas em 1962, com Gregory Peck vivendo o advogado, protagonista.

O longa nos deixa com um misto de emoções, raiva, dor, tristeza e só no final nos remente a um pouco de alegria. São tantas as injustiças que o conforto chega um pouco tarde. Saí da sala de cinema bem pensativa, pois o que foi relatado no filme não é algo novo. É uma situação recorrente e que acontece em todos os locais do mundo, inclusive no Brasil, com os negros, pobres ou pessoas de classes sociais diferentes. No filme fica claro que somente os brancos podem ser bem sucedidos. Há uma parte que dá muita raiva do que é mosytrado, pois é inadmissível para os brancos que um negro possa ter um diploma ou seu próprio negócio, como Bryan e Walter.

Todos nós já fomos ou seremos racistas alguma vez na vida, consciente ou inconsciente. Assim funciona o racismo estrutural, intrínseco a nossa cultura, normalizado ao longo dos anos.

Tanto Jordan quanto Jamie atuaram impecavelmente em seus papéis. Sentimos o que eles estão sentindo, literalmente. Os atores foram ótimas escolhass. A personagem de Brie Larson, não tem um papel muito importante, mas mostrou que uma mulher branca pode sim ajudar um homem negro em busca por justiça – adquirindo pensamento e prática antirracista -, e mesmo diante das adversidades seguir firme nesse objetivo.

Vou parar por aqui, porque se eu me alongar muito vou dar spoilers do filme. Mas não posso deixar de ressaltar: ASSISTAM! Vai valer a pena e fazer você parar pra pensar em muita coisa que acontece ao nosso redor e que por muitas vezes não damos importância, afinal não nos atinge diretamente.

Observação importante: não saia da sala assim que o filme terminar, são exibidas cenas reais após o termino do filme. Vale a pena assistir para saber o que houve com algumas pessoas.

Ficha Técnica

Luta Por Justiça (Just Mercy, 2019)

Direção: Destin Daniel Cretton

Roteiro: Destin Daniel Cretton, Andrew Lanham, baseado no livro de Bryan Stevenson

Elenco: Michael B. Jordan, Jamie Foxx,  Charlie Pye Jr., Michael Harding , Brie Larson

Trilha Sonora: Joel P. West

Fotografia: Brett Pawlak

Montagem: Nat Sanders