Resenhas

Resenha: A cilada, por Daniel Polansky

A_CILADA_1403907526PNome do Livro: A cilada
Série: Cidade das sombras #2
Nome Original: Tomorrow the killing
Autor(a): Daniel Polansky
Tradução: Mariana Mesquita
ISBN: 9788581302133
Páginas: 416
Editora: Geração Editorial
Ano: 2014
Avaliação: 3/5
Onde Comprar: Compare Preços

A Cilada, segundo livro da série, é um livro ágil, absorvente, narrado na primeira pessoa, na tradição dos detetives clássicos como Sam Spade, de Dashiel Hammett, ou Philip Marlowe, de Raymond Chandler, com pitadas do policial do futuro, Dick Deckard, de “Blade Runner — Caçador de Androides”. O Guardião terá que resolver o mistério de uma garota desaparecida na Cidade Baixa, a pedido de seu pai, o general de uma guerra em que ele também esteve como soldado. Um romance que você não conseguirá largar, disposto a solucionar um mistério que vai ficando mais denso a cada nova página.

Com os personagens já introduzidos no primeiro livro da série, “A cilada” elucida parte do passado misterioso do Guardião, enquanto deixa seu futuro ainda mais incerto.

A Associação dos veteranos de guerra está preparando uma passeata para lembrar a Coroa os milhares de homens que foram arrancados de suas casas, enviados para os campos de batalha e depois abandonados. Paralelo a isso, o Guardião recebe o pedido de um nobre, ex-general, para encontrar a filha que fugiu para a Cidade Baixa. A jovem, Rhaine, é irmã de Roland, fundador da Associação e um superior do Guardião durante a guerra. Roland foi assassinado do lado de fora de um prostíbulo, e a irmã tenta encontrar mais informações sobre as circunstâncias do crime. Entre conspirações e armações, o Guardião encontra a morte em cada esquina ao descobrir que ninguém é confiável.

Com alguns capítulos escritos em flashback muito bem inseridos, o passado do personagem principal é explorado mostrando o pior da guerra e o que ele teve que enfrentar depois dela para subir de cargo a serviço da Casa Negra (o equivalente da força policial). São bem compassados os trechos que associam os problemas do presente com as escolhas que o personagem teve que fazer em algum momento da vida.

Facilitaria a leitura se os capítulos que se passam durante a guerra ou 12 anos atrás, à época em que Roland foi morto, tivessem algum indicativo na linha do tempo. Em geral, precisamos ler algumas linhas até situarmos com exatidão a que período aquele trecho pertence. Outros personagens secundários, como Adolphus, Garrinha e até Adeline, ganham destaque maior e despertam simpatia, apesar das curtas aparições.

O autor conseguiu estabilizar o gênero de escrita, mais próximo do policial, corrigindo o problema de identidade literária do primeiro livro. Ter feito essa escolha deixou o ritmo mais constante, com uma ansiedade crescente que explode nos capítulos finais.

A troca do tradutor melhorou a estética da construção das frases, mas a revisão novamente deixou passar um grande número de erros de digitação e vários erros primários de pontuação. Não há créditos para quem escreveu o texto na orelha do livro, mas a pessoa parece não ter lido o manuscrito, talvez apenas um resumo. É um grave erro apresentar o livro na orelha em letras garrafais como “O sabor de um livro de detetives noir num futuro distópico”. Sinto muito, mas o livro não se passa no futuro. Sequer parece se passar no mundo em que vivemos e pela ausência de armas de fogo é de se supor que se passe em uma época menos evoluída do que a nossa (sem levar em conta a presença da magia). Então o leitor que encontra o livro ao acaso pode se sentir enganado por essa descrição.

O projeto gráfico novamente apresenta uma capa muito bonita, com arte digital que não parece artificial. Entretanto, já tendo lido o primeiro livro percebemos que o cenário não combina com o clima sujo e degradante que o autor constrói. A capa peca no quesito fidelidade, mas compensa no apelo.

“A cilada” aumenta a expectativa para o livro que fechará a trilogia “Cidade das sombras”. Com o primeiro volume conhecemos os personagens, no segundo livro descobrimos como o Guardião ascendeu dentro da Casa Negra e o terceiro deve mostrar como foi a queda para a vida de criminoso. Admito que estou curioso.

Jairo Canova

Jairo Canova é Administrador e gosta de livros mais do que imagina.

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