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A hora da Zona Morta – Stephen King | Resenha

O professor John Smith, leva sua vida tranquilamente, até o momento que a sequela de um acidente o leva a uma série de situações a que mudam drasticamente. Ele sai com Sarah, sua quase namorada, para um passeio romântico de início de relacionamento e,  no fim da noite, sofre um acidente que o leva a 4 anos de coma. Com sua vida reiniciando, John precisa se adaptar a uma particularidade herdada desse acidente. Assim como, ao cair de patins, em sua infância, o levou a “prever” certas situações, o acidente seguido do coma, o coloca na posição de vidente. Por meio do toque, John coleta informações da pessoa com a qual ele tem contato, vendo assim o futuro e o passado e, ao apertar as mãos de um político, se depara com um enorme problema que mudará o curso da humanidade.

Inicia assim a jornada do herói, em “Zona Morta” (Stephen King, 1979), em busca de uma maneira de evitar que uma grande catástrofe aconteça. A mescla de situações reais (jogos de poderes políticos) e sobrenaturais (a visão pro meio do toque) são verossimilhantes o bastante para nos apegarmos ao desenvolver da história e ficarmos curiosos com o que virá a seguir. Observo que por termos duas subtramas (Smith e sua rotina pós-coma, investigando uma série de crimes e Stillson – um ex-vendedor com um comportamento, no mínimo questionável – em sua ascensão política) que convergem para uma mesma direção, criando assim uma trama maior, como um jogo de “minutos contados” para a tragédia eminente.

O desenvolver da trama de idas e vindas no tempo, as angústias das personagens sem rosto, o medo e a dúvida permeiam essa obra do autor norte-americano, assim como seus demais livros do período ( vide “Carrie”, “O Iluminado”, etc). King mais uma vez nos entrega um reflexo de aspectos sociais do período em que ele está, como os comportamentos da juventude nos EUA pós Guerra do Vietnã, liberdade sexual x conservadorismo, receios com a aura de instabilidade política e econômica. Sua descrição nos insere naquele contexto, a partir do momento que ele sabe como descrever a ambientação e os fatos e, caracterizar/ dar personalidade aos que são vistos em cena.

Por ter lido outras obras de Stephen King, não recomendaria esse livro para alguém que ainda não está acostumado com sua narrativa. Dele, o que eu acho mais fácil para ser introduzido em seu universo ainda é “A Maldição” (ou “A Maldição do Cigano”, 1984 olha aí mais um livro do ano em que eu nasci, deve ser por isso essa paixão que tenho por ele) Em vários momentos a história se arrasta de maneira bem detalhada e em outras de maneira mais acelerada, além do final que parece acontecer de maneira mais brusca (por mim, acrescentaria nele mais umas página para que o clímax fosse melhor desenvolvido). Em algumas situações eu não me apeguei a história tanto quanto eu deveria, por senti-la prolixa.

Mesmo com essas observações não posso deixar de ressaltar que King consegue elaborar um trama, bem amarrada que nos transmite a sensação de tensão, inserindo assim, o leitor nas sensações das personagens.

Nota: 3/5

Yasmine Evaristo

Artista visual, desenhista, eterna estudante. Feita de mau humor, memes e pelos de gatos, ama zumbis, filmes do Tarantino e bacon. Devota da santíssima Trindade Tarkovski-Kubrick-Lynch, sempre é corrompida por qualquer filme trash ou do Nicolas Cage.

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