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Resenha | Malvados – André Dahmer

Nome do Livro: Malvados
Autor(a): André Dahmer
Editora: Quadrinhos na Cia
Ano: 2019
Páginas: 383
Resenhista: Ronan Sato

Sucesso absoluto nos jornais e na internet, a série mais famosa de André Dahmer agora também em livro, numa seleção inédita e exclusiva. Compre na pré-venda e receba o livro autografado pelo autor. Não é exagero dizer que André Dahmer está entre os maiores cronistas do país hoje. Com mordacidade, seus quadrinhos de aparência simples demolem certezas e deixam à mostra as contradições dos novos tempos. Em Malvados, como se tirasse um bicho de cima de si, o desenhista carioca arremessa o otimismo tolo e o autoengano para longe, entregando aos leitores uma visão desencantada e cheia de humor da realidade. Redes sociais, casamento, política, sexo, drogas, arte, Deus, depressão, meio-ambiente: nas 368 tirinhas aqui reunidas, nada escapa ao sarcasmo de suas flores do mal. Os absurdos da vida filtrados por um riso cruel e maravilhoso, às vezes nervoso e incontrolável, que reverbera em cada página deste livro.

Um colega de trabalho me apresentou “Malvados” lá pelos idos dos anos 2000. Era um site com uma única tirinha na home e que permanece, ainda bem, exatamente como era, sem mudar nada no design e na acidez com que André Dahmer faz recortes do mundo atual, combinando ironia, cinismo e uma certa poesia para ressaltar a mediocridade de uma sociedade disfuncional.

Diz uma das tirinhas: “Continuam chegando notícias terríveis sobre o futuro do país” – comenta o “Malvadinho”. “Como os brasileiros vão reagir a tudo isso?”, pergunta o “Malvadão”, para em seguida ouvir: “Com memes engraçados na internet”.  Os dois protagonistas são desenhados sem muito refino e isso, de certa forma, ressalta o poder do texto e a habilidade do autor em dissecar o cotidiano e lapidar verdades.

Esta coletânea é focada em apresentar a dupla – há momentos impagáveis do “Malvadinho” em “Palestra sobre os novos tempos” –, mas há outros personagens que estrelam suas próprias séries de tirinhas e que vale a pena conhecer por aí, caso do implacável Emir Saad, o maior ditador que o Ziniguistão jamais conheceu, em “Emir Saad, o monstro de Zazanov”, e de Terêncio Horto em “Vida e Obra de Terêncio Horto”. Um excelente livro para se ter na cabeceira, mas cujas tirinhas funcionam melhor na hora de acordar do que na hora de ir dormir.

Ronan Sato

Especialista em assuntos aleatórios. Apesar de descendente de japoneses, não sabe afirmar com certeza se prefere comida indiana ou sushi

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