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Sim, Não, Quem sabe – Becky Albertalli e Aisha Saeed | Resenha

Becky Albertalli em todos os seus livros insere contextos de representatividade, o que me admira profundamente! Sempre apresentando pessoas diferentes em suas histórias contrapostas com as nossas reais. Não falo diretamente personagens homossexuais, como bem narrado em Com Amor, Simon ( adaptado para às telas) e um outro livro ainda não lido, E se Fosse a Gente? – parceria com Adam Silveira – , falo de qualquer realidade, um grupo de pessoas que sofre de discriminações sempre seus personagens apontados por um motivo. Ao meio desse quadro, entra esse livro em parceria com a Aisha Saeed.

Por aqui, temos dois personagens, como em seus outros livros, mostrando ao leitor seus pontos de vistas: Jamie; um judeu-americano, muito tímido que sonha em entrar na carreira política, do outro lado Maya, muçulmana-paquistanesa-americana que se preocupa muito com seus costumes provindos da sua religião. Quando os dois se cruzam pelas suas respectivas mães, são obrigados a trabalhar na campanha para as eleições locais. O que eles devem fazer? Bater de porta em porta com a intenção de convencer as pessoas a irem votar.

Maya e Jamie começam um caminho obrigados, ao lado de discursos de ódio e repulsa ao meu ver, começaram a engajar na causa. Questões como o racismo, os atinge diretamente e precisam lidar com isso. Percebendo uma nítida ligação com a política dos Estados Unidos, que na época do Trump, como também ligo com a nossa realidade brasileira.

E quanto as religiões? Um é diferente do outro, Maya é muçulmana e Jamie é um judeu, e suas crenças devem ser respeitadas. Maya participa do Ramadã, o que percebi um apontamento forte entre as autoras, criticando a prática de ficar muito tempo em jejum e ao mesmo tempo a prática religiosa que nos liga com a fé de cada um. O livro traz conteúdo sólido e reflexivo para quem goste de questões político-social, e não vi um aprofundamento no romance como queria, quando os dois personagens só ficavam batendo de porta em porta. A importância e construção de caráter dos mesmos é bem evidenciada, uma vez que, o livro baseia na experiência das autoras na eleição suplementar no distrito em que habitam.

Senti-me cativado em contrapartida pelos personagens, impossível não perceber essa questão. A atração de Jamie é certeira e logo de cara percebemos isso, deixando-os eles como amigos e depois os assentamentos das mudanças que permeiam a conclusão do enredo. Os adolescentes serão os responsáveis também de um futuro de nosso país, quando suas colocações começam a ser aceitos pelo desejo de mudança.

A editora Intrínseca novamente trouxe um livro necessário para o público jovem, personagens com seus problemas pela faixa etária de seus 17-18 anos, recheado de dramas adolescentes. A tradução de Viviane Diniz é fácil entendimento para o seu público que pretende alcançar e diálogos fortes que nos tiram do comodismo conforme apresentei.

“Sim, Não, Quem Sabe” cumpre no papel de divertir também o seu público. E não esqueçam que em 2022 teremos nova oportunidade de mudar nossos rumos de nosso país. Não deixando de lutar pelos desejos que acreditamos, nunca perdendo a esperança.

Sim, Não, Quem Sabe
Nome Original: Animal Farm
Autor(a): Becky Albertalli e Aisha Saeed
Tradutor: Viviane Diniz
ISBN: 9786555601206
Editora: Intrínseca
Ano: 2021
Páginas: 368
Nota: 5/5

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Philip Rangel

Philip Rangel é estudante de direito, administrador e resenhista do Entrando Numa Fria, técnico em informática, nárniano, pertence a grifinória, leitor assíduo, futuro escritor, amante de livros, séries e filmes.

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