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RESPONSABILIDADE SOCIAL: O Direito de “sentar”

Olá, leitores! O Entrando Numa Fria tem uma responsabilidade social enorme com você leitor. Uma de nossas obrigações, fora apresentar lançamentos literários, grandes avaliações de resenhas dos mais consagrados livros, jogar entretenimento do mundo do cinema e melhores séries exibidas em nosso meio, é conversar diretamente com você leitor. Pedimos uma grande licença para apresentar um texto de um colega de sala, onde sou aluno do curso bacharelado em Direito. O texto reflete muito bem alguns pontos em que diversos pais não estão cientes dos acontecimentos levados de seus próprios filhos.

A mentalidade infantil até certa idade é muito limitada no tamanho da evolução em que uma letra de música pode levar sem um diálogo sadio entre pai e filho(a). A família é um dos pilares mais importantes para a formação de caráter, diálogo para uma pessoa formadora de opinião. Convido você leitor, que leia, divulgue o texto na íntegra e reflita de como nosso país é limitado em se tratando de justiça.

O Direito de “sentar”.
Por
Nivaldo de Carvalho Júnior, 2º Sgt PM, e bacharelando em Direito pelo Centro Universitário de Sete Lagoas
Dois fatos recentes chamaram minha atenção. Ambos tinham como pano de fundo as mesmas características: sexo, drogas/bebidas, menores de idade e intervenção policial inócua.
 
O primeiro aconteceu quando a incansável Polícia Militar de Minas Gerais foi convocada pela comunidade ordeira da Cidade de Santa Luzia, a fim de averiguar a regularidade de “evento cultural” denominado “Baile Funk”, que estaria sendo patrocinado por traficantes locais. Terminada a diligência policial, contabilizou-se a apreensão de várias porções de maconha e cocaína, além da condução de 28 (vinte e oito) pessoas para a delegacia, dentre as quais 13(treze) mulheres. Dessas mulheres, 03(três) são menores de idade. Conforme o sargento que comandou a operação, também foram encontrados diversos preservativos usados no local do evento.
 
O segundo episódio foi a divulgação de vídeos na internet, nos quais uma adolescente de 15 anos aparece praticando sexo com quatro rapazes. De pronto, a Autoridade Policial da Delegacia de Mulheres do município de Santa Luzia (outra coincidência que só constatei ao pesquisar sobre o assunto) lançou sua equipe nas ruas. Em breve empenho conseguiu identificar os protagonistas do filme e apreender o computador utilizado para edição e divulgação das imagens. Ao ser ouvida na delegacia, a menina disse que um amigo lhe deu bebida alcoólica antes da gravação das cenas de sexo coletivo; que não sabia que eles tinham praticado tal orgia, pois estava inconsciente.
 
Colocadas as devidas referências fáticas, passo à análise crítica dos acontecimentos.
 
Quando afirmei, na introdução do texto, que a intervenção policial nos dois casos foi inócua não tinha o propósito de desqualificar o árduo trabalho dos policiais. Por outro lado, minha assertiva decorre das versões apresentadas pelos envolvidos (versões veiculadas pela imprensa, frise-se).
 
Ouvi num programa de rádio a entrevista com uma das adolescentes que foi surpreendida no Baile Funk. Resumo: “Eu estava mesmo no baile; fiz sexo por que quis e só não usei drogas por que não tinha, porque se tivesse não tinha sobrado. A droga que vocês estão vendo aí só apareceu depois que a polícia chegou”. Quando o repórter pergunta para a menor qual a posição dos pais dela sobre o seu estilo de vida, a resposta é de doer o coração: “Meu paizão já tá aqui. Veio me tirar. Ele é de boa, não liga pra nada”.
 
Assisti num telejornal a entrevista da Delegada de Polícia encarregada pelo caso do filme erótico. Disse que a adolescente prestou novo depoimento. Desta feita, assumiu que estava consciente quando gravou as tórridas cenas de sexo grupal e que tudo transcorreu com sua livre e espontânea vontade. A imprensa também noticiou que a adolescente já havia “estrelado” outras películas cinematográficas caseiras, as quais já estão circulando gratuitamente de celular para celular, de e-mail para e-mail. Cogita-se até que ela própria se encarregava de gravar e distribuir os vídeos.
 
Não tenho dúvidas que existiram crimes nos dois casos: tráfico de drogas, corrupção de menores, dar bebida alcoólica a adolescentes, divulgar cenas de sexo envolvendo menores etc. De igual maneira, acredito que não haverá punições exemplares aos criminosos, visto que as pretensas vítimas estão “curtindo” toda essa onda. Posso até estar equivocado, mas essa é a impressão que fica. Ao refletir sobre tais mazelas sociais foi inevitável recordar as inúmeras vezes que presenciei crianças e adolescentes se delirando ao som de um Funk que diz o seguinte:
 
Mãos para o alto novinha
Mãos para o alto novinha
Porque?
Por que hoje tu tá presa, tu tá presa, tu tá presa (2x)
E agora eu vou falar os seus diretos
Tu tem direito de sentar, tem o direito de kikar
Tem o direito de sentar, de kikar, de rebolar(2x)
Você também tem o direito de ficar caladinha
 
Disso tudo emerge uma triste constatação: a adorável luta das Mulheres pelo direito à igualdade, à liberdade sexual e à liberdade de pensamento está sendo deturpada pela sociedade. Uma parcela significativa das mulheres (crianças, adolescentes e adultas) está mais preocupada é com o “direito de sentar, de kikar, de rebolar e de ficar caladinha”.
 
E não tentem me convencer que uma inocente criança praticante dessa “dança” pensa que esse “direito de sentar” refere-se ao deleite de acomodar-se confortavelmente em um sofá ou uma cadeira. Tampouco que “kikar” guarda alguma similitude com brincadeiras utilizando uma bola de basquete. A coreografia diz mais que a própria letra do Funk.
 
 
E os pais? A maioria “tá de boa”… Já Eh!!!!!!

Philip Rangel

Philip Rangel é estudante de direito, administrador e resenhista do Entrando Numa Fria, técnico em informática, nárniano, pertence a grifinória, leitor assíduo, futuro escritor, amante de livros, séries e filmes.

5 thoughts on “RESPONSABILIDADE SOCIAL: O Direito de “sentar”

  • Hoje você não vê uma criança que não saiba o significado de kikar, sentar no sentido mais depravado possível.As vezes os pais são conservadores demais e os filhos são assim “vidaloka”, mas alguns não importa o jeito de ser dos pais pra serem do jeito sem respeito por si próprio.
    O Brasil é assim, com grandes músicas que fazem sucesso porque são voltadas pro sexo, drogas e rock’n roll.E se alguém quer proibir, “kd o direito de liberdade, expressão?” Eu não acredito que seja assim, generalizar o baile funk e tudo de ruim tá nesse meio.
    As mulheres só querem saber dos “direitos” nas hora que convém(que elas também podem escolher pra quem dar), ou seja, quase nunca.

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  • Paula Camargo

    Muito bom essa brecha do blog,acho que mais que um site de livros e séries o entrando numa fria se diferencia pela coragem de abordar temas tão polêmicos.Concordo com você,e infelizmente é cruel essa triste realidade dos nossos jovens,mas acredito que a solução não seja prisão,castigo,proibição,acho que deveriam ter familias mais ESTRUTURADAS e com Dialogo

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  • Eu sempre odiei Funk…e como diz a minha professora de Artes, o funk já foi funk há muuuito tempo atrás…agora ele virou lixo..( palavras dela )
    Nossa, depois de tanta luta por direitos e igualdade, acontece isso.Agora dá pra perceber que o resto de miolos que tinha nessas cabeças acabou de derreter!!!

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  • Karolyne Oliveira

    Isso que fazem no Brasil não é funk, é lixo! Nos EUA sim, tem funk.

    Esses pais que ‘estão de boa’ com os filhos que fazem isso certamente os perderão cedo, pra drogas e afins.

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  • Suellen

    Nem sei o que dizer a respeito da postagem, mas é a nossa realidade infelizmente.

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