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Destaques – CineOP 2021

Pioneira desde sua criação (2006), por enfocar a preservação audiovisual, história, educação e por tratar o cinema como patrimônio, a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto chegou a sua 16ª edição, que ocorreu de 23 a 28 de junho de 2021. Em razão da pandemia, agora em formato online, a Mostra segue reafirmando seu propósito de ser um empreendimento cultural de reflexão e luta pela salvaguarda do rico e vasto patrimônio audiovisual brasileiro em diálogo com a educação e em intercâmbio com o mundo.

Entre interessantes e importantes debates, como sobre autoralidade e registros em tempos de redes sociais e big techs até uma discussão profunda sobre os mitos de formação nacionais (ambos os temas relacionando de forma perfeitamente alinhada com os filmes da Mostra Histórica), a mostra trouxe este um acervo maravilhoso de memória e uma programação fantástica, em especial de documentários que valem muito a pena serem conhecidos.

Lampião e Lamarca são relembrados em um momento do país em que uma fundação pública condena livros de “banditismo” e em que o filme de Mariguella é sabotado

Em um momento em que uma parte significativa da história do cinema está derretendo na Cinemateca, o resgate de obras geradas em vídeo magnético, a exibição de filmes restaurados e e outros digitalizados a partir de película surgem como formas de reduzir o dano causado pelo descaso atual com a história da nossa arte. Ao todo tivemos nove obras na Mostra deste ano.

O clássico O País de São Saruê, de Vladimir Carvalho, de 1971, três episódios do programa televisivo Revista do Cinema Brasileiro, com destaque para os temas da Comemoração do Dia Internacional da Mulher, com entrevistas de muitas diretoras, produtoras e atrizes do cinema brasileiro, um documentário biográfico sobre Marechal Cândido Rondon e uma edição do cinejornal Revista da Tela apresentadas pelo Arquivo Nacional, e o documentário de 1993 de Ozualdo R. Candeias sobre a própria Cinemateca Brasileira.

Ainda nesse tema, houveram também dois outros filmes completando a Mostra Preservação neste ano: uma compilação de registros do acervo do instrumentista, compositor e pesquisador Djalma Corrêa e o documentário Circo Voador –aNave, a partir de indicação do Acervo Circo Voador.

Demonstrando mais uma vez a importância de se tratar arquivos antigos, resgatar produções e registros passados para que a partir deles novas gerações possam se influenciar, estudar e analisar essas obras, a CineOP oferece algo que outros Festivais e Mostras acabam não oferecendo espaço. No conjunto do circuito cinematográfico brasileiro, se torna cada vez mais necessária.

Longas Mostra Contemporânea

Aqui temos filmes que lidam com arquivos e histórias secretas do regime militar; filmes produzidos por indígenas ou que trabalharam a partir das imagens de povos e personagens indígenas; obras se pontuaram na memória, relatos e arquivos de artistas brasileiros e que lidam com lutas coletivas

Aqui vem novamente um brilho da Mostra, ao exibir documentários maravilhosos, como Operação Camaducaia, onde o barbarismo da ditadura se evidencia, passando pelo esperançoso acompnhar de Conceição e Orlando Senna em Amor dentro da Câmera até a pulsão de arte existente em Xadalu e o Jaguaretê.

Depois de tudo isso (e mais, que não caberia nesse pequeno texto), é uma alegria saber que a mostra registrou alcance de mais de 85 mil acessos no site, vindos de 60 países, em seis dias de evento. E vale lembrar que os conteúdos discutidos e produzidos nos debates, masterclasses internacionais e rodas de conversa realizadas no evento permanecem disponíveis para acesso no Canal do YouTube da Universo Produção.

Nos próximos dias e semanas, a medida que o tempo for permitindo, vou revisitar alguns desses filmes que me marcaram na mostra em críticas aqui no site. Então fique de olho e nos sigam nas redes sociais.

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