Lançamentos

Na mira dos lançamentos: Companhia das Letras / Paralela (setembro/2015)

Olá, leitor!

Confira os lançamentos do mês da editora Companhia das Letras e Paralela:

COMPANHIA DAS LETRAS:

13936_gTE VENDO UM CACHORRO, de Juan Pablo Villalobos

A rotina de Teo não está nada fácil. Aos 78 anos, acaba de se mudar para um prédio decadente cheio de anciãos. É recebido com pompas à altura de seu papel de escritor, embora nunca tenha escrito um único livro. Passa os dias entre as fofocas nos corredores, nutrindo desejos eróticos pela síndica e calculando quantas cervejas pode beber diariamente às custas de um pecúlio que deve durar até a sua morte.
Em vidas em que nada acontece além de varizes à mostra, refluxos e baratas por todo lado, o grande evento do prédio é uma tertúlia literária, cujos participantes se impuseram o desafio de ler os sete tomos deEm busca do tempo perdido, intercalando Proust com aulas de modelagem com miolo de pão e ginástica aeróbica – tudo organizado pelos moradores, “convencidos de que a aposentadoria era um segundo jardim de infância”.
Herdeiro do temperamento artístico do pai, um pintor fracassado, Teo tenta se adequar aos perigos do cotidiano, como matar baratas no elevador com cuidado para evitar balanços bruscos, citar trechos da Teoria estética de Adorno para fugir de conversas embaraçosas e espionar o segredo de um restaurante chinês que, apesar de sujo, consegue manter as baratas do lado de fora. E sempre, sempre tentando convencer os novos amigos de que não é – e nunca foi – um escritor.
Não. Pra dizer a verdade, este livro não é nada isso.
Te vendo um cachorro trata de uma mãe e de um vendedor de tacos obcecados por cães. Ela para aplacar a solidão; ele para lucrar um pouco mais com o seu negócio. É também a história de um garoto que herdou, não se sabe se por destino ou talento, a taqueria do tio e, com ela, a técnica de preparar tacos à base de filés caninos…
Mas é possível que o cerne desse romance seja mesmo ironizar os desejos sexuais, a velhice, a vida adulta, a juventude, a literatura, os religiosos, os críticos, os leitores e o México. De concreto, sabemos apenas que o herói do romance é de uma integridade singular, e isso fica bastante claro quando tentam lhe atribuir mais uma vez um passado mentiroso, desmerecedor de sua história: “Pode-se saber do que estou sendo acusado? De ser escritor? Pois eu me declaro inocente!”.

13911_gA CONEXÃO BELLAROSA – 4 novelas, de Saul Bellow

Saul Bellow é um mestre da ficção de língua inglesa. Inspirados pelo seu estilo – que mistura a alta cultura com a esperteza das ruas de Chicago -, autores como Philip Roth, Martin Amis e Ian McEwan fizeram seus primeiros voos literários.
As quatro novelas deste volume, escritas na fase final da vida do autor – Um furto, A conexão Bellarosa, Uma afinidade verdadeirae Ravelstein -, são o testemunho do talento e da vitalidade do maior renovador do romance americano depois de William Faulkner. Com temas como a perseguição ao próprio passado, as tragédias do século XX, o adultério e a comédia da vida intelectual, as histórias são tão divertidas e leves quanto melancólicas e intrincadas. Um triunfo.

 

 

13838_gSOMBRAS DE REIS BARBUDOS, de José J. Veiga

Publicado pela primeira vez em 1972,Sombras de reis barbudos foi tido como alegoria do regime militar brasileiro, ao contar a história de uma cidade que recebe a Companhia Melhoramentos de Taitara, símbolo da modernidade. Aos poucos, porém, a empresa impõe uma rotina tirânica aos moradores.
Décadas depois de sua estreia literária, os críticos de José J. Veiga lançam nova luz à obra do autor, ampliando seu alcance. Embora tenham influência do realismo mágico, seus livros não se encaixam nessa vertente; exploram o universo infantojuvenil, mas vão além do romance de formação.
O leitor pode agora atestar por si só por que José J. Veiga é considerado um dos melhores autores brasileiros do século XX.

 

 

13812_gRESTA UM, de Isabela Noronha

Lúcia sempre foi uma mulher que enxergou a vida pelo viés dos números. Professora respeitada do curso de matemática da Universidade de São Paulo, sua lógica cartesiana parecia manter sob controle todos os aspectos da existência. Um dia, porém, sua única filha, Amélia, não volta para casa. A criança desaparece sem deixar rastro, abalando tremendamente o pensamento racional da mãe.
Anos depois, a professora, que deixou a universidade e desfez o casamento, segue com a esperança de encontrar Amélia – embora seja a única a acreditar nessa possibilidade. E seus esforços parecem não ter sido em vão, pois recebe um e-mail que traz, por fim, a pista de alguém que diz conhecer o paradeiro da menina.
Entre a busca de Lúcia e a narrativa do desaparecimento de sua filha, acompanhamos as divagações de uma senhora que dedica a vida a cuidar do seu pomar.
Isabela Noronha costura neste romance de estreia uma sofisticada trama psicológica que cresce a cada página, levando-nos pelos estágios do desespero de uma mãe que perde o que lhe é mais valioso.

13975_gASSIM FOI AUSCHWITZ – Testemunhos 1945-1986, de Primo Levi e Leonardo De Benedetti

Primo Levi era um químico de apenas 24 anos quando foi capturado pelas forças fascistas italianas e deportado para o campo de concentração de Auschwitz, a fábrica da morte construída pelo regime nazista para executar judeus, homossexuais, comunistas e ciganos.
Em 1945, após sua libertação, militares soviéticos encarregaram Levi e outro prisioneiro, o médico Leonardo De Benedetti, de elaborar um relatório detalhado sobre as abomináveis condições de saúde dos campos. O resultado foi o “Relatório sobre Auschwitz”, um testemunho extraordinário e pioneiro dos campos de concentração, e ainda hoje uma peça impressionante a respeito da prática clínica num lugar de desumanização e extermínio. Detalhes escabrosos, escatológicos e aviltantes a respeito do cotidiano de médicos, enfermeiros e pacientes são apresentados numa prosa sóbria, cristalina e antissentimental. Publicado em 1946 numa revista científica, o relato inauguraria o trabalho de Primo Levi como
escritor – sua estreia oficial se deu no ano seguinte, com É isto um homem?.
Nas quatro décadas seguintes, Primo Levi nunca deixaria de contar a experiência em Auschwitz em textos, a maioria inédita em livro, agora recolhidos neste volume. São relatos, depoimentos, cartas e comentários, publicados quase até as vésperas da morte de Levi, em 1987. Invocam, com o poder do testemunho e a desconcertante claridade de sua prosa, a agonia de milhões de pessoas que experimentaram o inferno em um sistema diabolicamente
concebido para espoliar do homem tudo o que ele tem – seu corpo, sua esperança e, por fim, sua própria vida.

13881_gASSIM COMEÇA O MAL, de Javier Marías

Assim começa o mal conta muitos anos depois uma história íntima, narrada por uma jovem testemunha. Na Madri pós-ditatura franquista do início dos anos 1980, quando a capital espanhola fervia num frenesi de hedonismo e liberdade, Juan de Vere, vinte e três anos e recém-formado, é contratado como secretário particular de Eduardo Muriel, um cineasta bem-sucedido. Graças à sua função, De Vere se insere na privacidade da casa da família, convertendo-se num espectador da união misteriosa e bastante infeliz entre Muriel e sua esposa Beatriz Noguera.
Muriel o encarrega de investigar um amigo, o dr. Jorge Van Vechten, cujo comportamento indecente no passado foi motivo de rumores. Figura enigmática e um tanto repulsiva, Van Vechten – um pediatra com uma carreira de sucesso desde a aurora do regime do general Francisco Franco – passa a acompanhar o jovem De Vere em suas excessivas noitadas. Era então o auge da chamada Movida Madrileña, o caldeirão de boemia, drogas, liberalidade sexual e cultura alternativa que tomou conta da cidade assim que a Espanha voltou a respirar os ares da democracia.
Mas o jovem não se limita a observar, e passa então a tomar iniciativas questionáveis, com profundas repercussões na vida de todos os envolvidos. Sua atitude irá lhe mostrar, no balanço evocado com o tempo, que não há justiça desinteressada e que tudo – seja o perdão ou o castigo – nasce a partir de decisões arbitrárias. Tendo como título um verso da tragédia shakespeariana Hamlet, o romance de Javier Marías apresenta um olhar arrebatador e inesquecível sobre o desejo e o rancor.

13784_gO GRIFO DE ABDERA, de Lourenço Mutarelli

Mauro é roteirista dos quadrinhos de Paulo. Os dois publicam sob a alcunha de Lourenço Mutarelli, e são representados publicamente pelo bêbado Raimundo. Mas a morte de Paulo forçará Mauro a tentar uma carreira solo com O cheiro do ralo, seu primeiro e bem-sucedido livro. É quando ele recebe de um estranho uma moeda antiga, o Grifo de Abdera, e sua vida muda.
Oliver não conhece Paulo, Mauro, Raimundo ou Lourenço. Mas, quando Mauro recebe a moeda, uma conexão se forma entre eles.
É este delicioso jogo que alimenta O grifo de Abdera, primeiro romance de Mutarelli desde Nada me faltará, de 2010. Um labirinto de obsessões, taras, perguntas e mistérios, acompanhado ainda de uma longa história em quadrinhos.

 

 

13531_gAS RÃS, de Mo Yan

“Um não é pouco; dois é bom; três é demais.” Eis o slogan lançado pela Nova China em 1965 – quando as crianças, esfomeadas, “brincam” de comer carvão – para conter o rápido crescimento populacional, numa política de planejamento familiar que se perpetuará por décadas. Nesse contexto, o Nobel de literatura Mo Yan dá voz a Corre Corre, aspirante a escritor que vê a tia como heroína e quer transformar sua vida em peça de teatro, não sem antes rememorar sua história.
Trata-se de fato de uma mulher extraordinária. Nascida em 1937, é a primeira parteira da aldeia a estudar obstetrícia e a enxergar o ofício para além de métodos supersticiosos. Combinando a compaixão de médica a uma autoridade de general, logo se torna a oficial responsável pelo controle de natalidade. Ela deve educar jovens famílias a terem apenas um filho e, quando necessário, realizar abortos, levando a diretriz do Estado às últimas consequências.
Conforme os anos se passam neste épico intergeracional, a política do filho único se burocratiza e corrompe, mas a tia de Corre Corre, revolucionária convicta, não enxerga os podres do sistema imoral em que está enredada. Se em chinês a palavra “wa”, que dá título ao romance, significa tanto “rã” como “bebê”, as rãs desta trama são objetos de horror e desejo, como os filhos da Revolução Cultural na China, muitas vezes cobiçados pelas famílias e renegados pelo Estado.
De atmosfera exuberante e imaginário plástico, As rãs traz o melhor do realismo fantástico, comprovando por que Mo Yan costuma ser comparado a Gabriel García Márquez. O lirismo, a inventividade da linguagem e a forma bem-humorada de tratar os cenários mais dramáticos, oscilando entre a poesia e o horror, o naïf e o escárnio, transformam esse relato ambientado em uma aldeia da China em clássico universal.

12910_gA HISTÓRIA DOS JUDEUS – À procura das palavras 1000 a. C. – 1492, de Simon Schama

Nesta impressionante jornada através dos tempos, Simon Schama detalha a história da experiência judaica, das suas origens como povo tribal à descoberta do Novo Mundo em 1492.
É uma história como nenhuma outra: um épico de resistência contra a destruição, de criatividade e alegria, de afirmação da vida mesmo diante dos obstáculos mais intransponíveis.
A trama cruza os continentes – da Índia à Andaluzia, dos bazares do Cairo às ruas de Oxford e leva o leitor a lugares inimagináveis: um reino judeu nas montanhas ao sul da Arábia, uma sinagoga na Síria com pinturas brilhantes nas paredes, palmeiras pintadas em catacumbas judaicas durante o Império Romano.
São diversas vozes em uníssono: da severidade e êxtase dos autores da Bíblia aos versos de amor de poetas inebriados num jardim da Espanha muçulmana.
Neste livro, o Talmude é queimado nas ruas de Paris, corpos de centenas de judeus pendem em cadafalsos espalhados pela Londres medieval, um iluminador de Palma de Maiorca redesenha o mundo, velas são acesas, cantos são entoados, navios carregados de especiarias e pedras preciosas naufragam no oceano.
E assim uma história excepcional se desenrola diante do leitor. Não de uma cultura à parte – como em geral se imagina -, mas de um mundo imerso e influenciado pelos povos com quem habitou, dos egípcios aos gregos, dos árabes aos cristãos, o que faz da história dos judeus a história de todo o mundo.

PARALELA:

88123_gA ARTE DE DAR LIMITES – Como mudar atitudes de crianças e adolescentes, de Luiz Hanns

Grande parte da nova geração de crianças e adolescentes tem dificuldade em aceitar que existem limites pessoais e coletivos. Como mostram os casos reais discutidos neste livro, um permanente desafio dos pais é dar limites e preparar os filhos para a vida. Valendo-se de exemplos e de pesquisas internacionais, o psicólogo Luiz Hanns aponta as razões dessa dificuldade e propõe um modo inovador de educar: a educação pensada.
Diferente da tradicional educação corretiva, a educação pensada – apresentada neste livro através de histórias reais e de exercícios para pais e filhos praticarem em casa – introduz um sistema maior de limites e estímulos que permite obter mudanças profundas de atitude. Antecipa e, quando necessário, corrige problemas, ensinando crianças e adolescentes a lidarem com a vida. Um modo de educar transformador não só para os filhos, mas também para os pais.

88122_gDIA DE BEAUTÉ – Um guia de maquiagem para a vida real, de Victoria Ceridono

Quase nada é tão legal quanto maquiagem. O lema de Victoria Ceridono, blogueira e editora de beleza da Vogue, é especialmente verdadeiro em seu livro Dia de beauté – um guia de maquiagem para a vida real. Com mais de 130 fotos e ilustrações produzidas exclusivamente, no livro Victoria apresenta dicas acessíveis, vindas de quem testou muitos produtos. Um livro para inspirar e despertar a vontade de mergulhar nesse fantástico universo da maquiagem e beleza.

“Quando entrou no site Chic, em 2005, Victoria se apropriou em dois minutos da editoria de beleza com a segurança de uma veterana. Em muito pouco tempo, tornou-se uma das editoras mais afiadas do país em sua área. Sabe tudo sobre o assunto e, melhor, consegue passar esse conhecimento com graça e garra – que são seus melhores truques de beleza.” – Gloria Kalil, autora dos best-sellers Chic e Alô, chics!

Franciely

É estudante de Letras por falta de melhor opção (já que não se pode ser somente estudante de literatura), leitora por prazer, amiga dos animais, viciada em internet e resenhista porque gosta de experimentar coisas novas.

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