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Resenha: Americanah, por Chimamanda Ngozi Adichie

AMERICANAH__1406135526PNome do Livro: Americanah
Autor(a): Chimamanda Ngozi Adichie
ISBN: 9788535924732
Páginas: 516
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2014
Avaliação: 5/5
Onde Comprar: Compare Preços

Lagos, anos 1990. Enquanto Ifemelu e Obinze vivem o idílio do primeiro amor, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados Unidos. Ao mesmo tempo que se destaca no meio acadêmico, ela se depara pela primeira vez com a questão racial e com as agruras da vida de imigrante, mulher e negra. Quinze anos mais tarde, Ifemelu é uma blogueira aclamada nos Estados Unidos, mas o tempo e o sucesso não atenuaram o apego à sua terra natal, tampouco anularam sua ligação com Obinze. Quando ela volta para a Nigéria, terá de encontrar seu lugar num país muito diferente do que deixou e na vida de seu companheiro de adolescência. Chimamanda Ngozi Adichie parte de uma história de amor para debater questões prementes e universais como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero.

Americanah conta a história de Ifemulu, uma jovem nigeriana que começou seus estudos acadêmicos na própria Nigéria, mas por conta das greves e do momento político nigeriano e também por uma “oportunidade”, foi estudar nos Estados Unidos. Os desafios de deixar o seus país não são fáceis, um lugar novo, pessoas novas, culturas diversas, a tia com quem ela vai morar se mostra uma pessoa completamente diferente em terras do Tio Sam, e isso vai mexer muito com a jovem Ifemelu, ela percebe que não é tudo aquilo que ela imaginava.

O livro tem início com Ifemelu já adulta e fazendo o caminho inverso, voltando dos estados Unidos para a Nigéria, e a autora começa a nos apresentar a história da vida da personagem em vários tempos. No momento em que encontramos a personagem, ela está indo a um salão de beleza trançar os cabelos, no capítulo seguinte voltamos á sua infância, e assim a história segue, dessa forma nos tornamos íntimos da vida da Ifemelu, conhecemos seus anseios adolescentes, os motivos pelos quais ela foi estudar no Estados Unidos, e já estando lá, como criou seu blog, como fez para construir sua vida fora do universo que lhe era familiar.

“Aquele era o presente que se dava todas as semanas; ir á livraria, comprar um café caro demais, ler o máximo que pudesse de graça e se tornar Obinze de novo.” (p. 278)

O livro é divido em partes, e em determinado ponto conhecemos Obinze, ele foi namorado da Ifemelu quando ainda eram adolescentes e também quando entraram na faculdade, mas ele não vai com ela para os Estados Unidos, a gente vai conhecendo a relação dos dois, e depois que ela vai embora, o que acontece na vida dele, também de uma forma não linear, a história dele também vai e colta entre o presente e o passado. A partir daí não posso contar mais nada sobre o enredo, vocês terão que ler para saber o que aconteceu!

Ifemelu tem um blog que aborda a questão mais latente no livro, a identidade. No seu blog ela fala de como é ser negra não-americana nos Estados Unidos, e isso é uma coisa que ela mesmo cita, que enquanto estava na Nigéria ela não era negra, não que ela não soubesse que era, mas quando ela foi para os EUA isso virou uma questão de identidade e lá, ela se sentia negra. Além do blog ela debate muito esse assunto com o sobrinho Dike, que mora nos Estados Unidos também, e acontece uma coisa bem surpreendente com ele. A autora trabalha a questão da identidade de uma forma genial, é um tema recorrente mas muito sutil, em situações do dia-a-dia da personagem, que volta e meia se depara com o a questão. Em alguns momentos a autora utiliza de metalinguagem, principalmente quando uma personagem que é autora também diz que seria impossível um negro escrever um romance sobre a questão racial.

“E eu pensando: mas por que tenho que transcender a raça? Sabe, como se a questão racial fosse uma bebida que é melhor se for servida diluída, temperada com outros líquidos, ou os brancos não vão conseguir engolir.” (p. 363)

Eu fiquei simplesmente apaixonada por todos os personagens, demorei bastante para terminar a leitura, mas pelo simples de fato de que, não queria que ele terminasse. Quando deixava o livro, volta e meia o nome de Ifemelu me vinha à cabeça. As personagens são incrivelmente bem construídos, e reais, de verdade. Eles erram, eles são incorretos, eles agem por impulso, com o coração, são egocêntricos e egoístas e por isso perfeitos. São gente como a gente, e é fácil você dizer: -Eu também faria assim. É um livro que deveria ser lido por todo mundo, e posso afirmar, que pouquíssima gente vai dizer que não gostou.

Renata Avila

Renata Ávila, formada em direito, é apaixonada por livros de diversos temas, sem nunca esquecer dos romances que são os mais desejados. Adora um bom filme e uma boa musica. Gosta de conversar sobre livros, mas surta se falarem mal de Twilight, por ser sua primeira paixão literária e a série que a transformou em uma leitora voraz.

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