Resenhas

Resenha: Aqualtune e as histórias da África, por Ana Cristina Massa

securedownloadNome do livro: Aqualtune e as histórias da África
Autora: Ana Cristina Massa
ISBN: 9788564816237
Editora: Gaivota
Páginas: 164
Ano: 2012
Nota: 3/5
Onde Comprar: SaraivaLivraria Cultura

Maria, Guilherme, mais conhecido como “Orelha”, e Aqualtune só queriam curtir as férias juntos.  Eram amigos desde sempre.  Mas não imaginavam que uma simples viagem para uma fazenda longe da cidade grande se transformaria na maior aventura da vida deles.  A revelação de uma antiga lenda africana, a presença de Cambinda, uma avó bem diferente das “vovós”, e a figura de Zumbi, o guerreiro dos Palmares, mudariam o destino de Aqualtune e seus amigos.  Para se salvar, eles precisam correr contra o tempo.  Com a ajuda de Kafil, um garoto esperto que conhece bem a floresta e seus segredos, Aqualtune vai enfrentar as forças da natureza, unir o passado e o presente e descobrir a verdade por trás da antiga lenda.  Mas o tempo não espera por ninguém, e não vai esperar por eles.

 

Tendo por base a obscura história do nordeste brasileiro dos primeiros ciclos de colonização, Ana Cristina Massa constrói uma aventura que desvenda lendas e costumes que não devem ser esquecidos.

Maria, Guilherme (apelido: Orelha) e Aqualtune (ela prefere o apelido “Alice”, já que odeia seu nome) vão até o interior de Alagoas com os pais de Maria, que estão providenciando a reforma de uma casa-grande. O engenho era de grande importância na exploração da cana-de-açucar, contando com senzala, pelourinho e capela. Figura importante na região é a velha Cambinda, fonte de histórias e lendas locais e uma líder em sua comunidade por ser a pessoa mais velha e sábia. Ela conhece Maria desde criança e une ao grupo o neto: Kafil, um menino acostumado a viver na mata, mas de personalidade amigável. 

Desde que chega na fazenda, Aqualtune (que a narração insiste em chamar de Alice, como ela mesma prefere) tem estranhas experiências, que se intensificam quando Cambinda lhe conta a história da Princesa Aqualtune, que nasceu no Congo e foi mandada para o Brasil como escrava. Diz a lenda que Aqualtune trouxe consigo tesouros inestimáveis: uma tiara real e uma escultura em marfim que representa o Reino do Congo. Depois de comprada por um senhor de engenho, Aqualtune foge para o Quilombo dos Palmares. Vendo na atual Aqualtune a concretização de antigas profecias, passadas de geração em geração na vila Quilombola, Cambinda revela que o antigo tesouro da Princesa só pode ser encontrado se Aqualtune seguir o que foi profetizado, de outra forma tudo estará perdido para aquela comunidade. Inicialmente cética com as histórias, gradativamente Aqualtune é atraída para a cultura local e descobre que pode estar mais próxima de seus segredos do que imagina.

Repleto de informações históricas e lendas brasileiras, é uma leitura ideal para complementar as aulas de história (e sinceramente dá para ler o livro todo em um mesmo dia sem muito esforço). Material adicional ainda pode ser encontradas em sites que são citados no final do livro. Diversos dos acontecimentos históricos que “Aqualtune e as histórias da África” toma por base são ainda obscuros, principalmente as biografias da Princesa Aqueltune e Zumbi dos Palmares, que na obra são citados como avó e neto mesmo que não se tenha registros definitivos, portanto também não há motivos para limitar a imaginação.

É interessante a forma gradual com que Aqualtune aceita seu nome e o que ele implica, mostrando como uma pessoa se molda a uma identidade, mantendo o que a torna única. O amadurecimento de Aqualtune não é súbito nem injustificado, dando contornos de uma personalidade forte, condizente com o nome. Me desagradou um pouco a linguagem informal adotada mesmo durante a narrativa, mas tendo em conta o público-alvo a partir de 12 anos isso não é um defeito, apenas uma adequação.

A edição da Gaivota é de excelente material, com fonte ampla, bem espaçada, folhas brancas em papel de qualidade. Ótima revisão, sem nenhum erro de digitação e formato de brochura fácil de manter aberto e de bom tamanho para a quantidade de páginas.

A cada divisão de capítulos há uma estampa preenchendo toda a página, no capítulo 5 percebi que as estampas representavam alguma característica daquele capítulo! Então voltei para todas as divisões anteriores e associei facilmente a narrativa com as ilustações. A imagem da capa também mostra uma mulher vestida em tecidos com as estampas de todos os capítulos, uma genial representação da Princesa Aqualtune.

Leitura recomendada para leitores a partir dos 12 anos que procuram aventura, essa história é garantia de que os adolescentes passarão a prestar mais de atenção nas aulas de história. Afinal, as lendas brasileiras não são tão chatas ou ultrapassadas quanto imaginamos. Indicado principalmente para quem odeia o próprio nome.

Jairo Canova

Jairo Canova é Administrador e gosta de livros mais do que imagina.

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