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Resenha: Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo, por Benjamin Alire Sáenz

ARISTOTELES_E_DANTE_DESCOBREM_OS_SEGREDO_1392925086PNome do livro: Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo
Nome Original: Aristotle and Dante Discover the Secrets of the Universe
Autor(a): Benjamin Alire Sáenz
Tradução: Clemente Pereira
ISBN: 9788565765350
Editora: Seguinte
Ano: 2014
Páginas: 392
Nota: 5/5
Onde Comprar: Compare preços

Dante sabe nadar. Ari não. Dante é articulado e confiante. Ari tem dificuldade com as palavras e duvida de si mesmo. Dante é apaixonado por poesia e arte. Ari se perde em pensamentos sobre seu irmão mais velho, que está na prisão. Um garoto como Dante, com um jeito tão único de ver o mundo, deveria ser a última pessoa capaz de romper as barreiras que Ari construiu em volta de si. Mas quando os dois se conhecem, logo surge uma forte ligação. Eles compartilham livros, pensamentos, sonhos, risadas – e começam a redefinir seus próprios mundos. Assim, descobrem que o amor e a amizade talvez sejam a chave para desvendar os segredos do Universo.

Resenhar um livro que é apresentado pelo autor ao seu público leitor uma abordagem crítica que podemos identificar do convívio social ao nosso mundo moderno pode se tornar uma tarefa árdua. Pelo menos para quem ainda possui ideias diferentes como:  a homossexualidade, drogas, bebidas, romance. É nessas pequenas características que podemos se apegar aos personagens e tentar transmitir uma parte desse lançamento da editora Seguinte. Confesso que quando vi a capa divulgada pela editora logo me chamou atenção, não tinha prestado atenção na sinopse e sim guiado pelos comentários de diversos blogueiros e leitores pelo Goodreads. Minha experiência ao longo do livro vocês descobrem agora.

Iremos conhecer inicialmente Aristóteles Mendoza, um garoto de 15 anos em plena puberdade tentando descobrir o seu “eu”. Ari, como ele gosta de ser chamado, é do contra, não possui amigos e não acha necessário, gosta de viver sozinho, não gosta do controle e preocupação dos pais. Dentro da família Mendoza outras preocupações são evidenciadas ao longo do enredo como os problemas do pai nunca conversar com Ari sobre a guerra do Vietnã e o que ele guarda para si. Problemas com seu irmão mais velho, Bernardo– preso por um motivo grave-, seus pais escondem toda a verdade para o filho mais novo. Para piorar ou deixar o garoto nervoso e questionador, a rejeição de suas irmãs mais velhas. Como ele é o mais novo, acaba não se situando naquele mundo rodeado de cobranças onde ninguém consegue entendê-lo. São verossímeis os questionamentos destacados pelo autor, o que me deixou encabulado foram as datas dos acontecimentos  entre os anos de 1987 e 1988. Época se não me engano, as famílias rejeitavam e não aceitavam os filhos ditar suas próprias regras.

Ari acaba conhecendo Dante Quintana na piscina do Memorial Park,  em El Paso, no Texas, onde se passa parte do enredo. O encontro dos dois é tão inusitado que reli o momento quando Ari sem saber nadar acaba recebendo a ajuda de seu mais novo amigo. Dante por outro lado é mais centrado, formador de opinião e não leva a vida com questionamentos, lógico que ambos passam por descobertas. Os diálogos entre ambos se tornam chamativos, questionadores, e muitas vezes rodeados de tiradas. Além dos dois garotos, o autor ainda abriu os diálogos entre os pais de ambas as famílias. Estes, certeiros e pontuais. Ficava toda hora tentando descobrir como as amarras eram perfeitas e como não conseguia parar minha leitura.

Dante acaba aceitando seu novo amigo pelo seu jeito, mesmo quando Ari se torna difícil de conviver. O garoto acaba mostrando que a vida é cheia de segredos e que juntos podem descobrir tudo o que o universo (seu eu) guarda para ser descoberto. E é como o enredo é levado. Aceitação e superação se resumem ao resultado final da obra de Sáenz.

O que por outro lado o autor não para somente nas descobertas dos garotos, ele vai além e muitas vezes evidenciei com o nosso mundo moderno quando  ele aborda a “homossexualidade”. Dante acaba revelando para Ari em suas passagens que gosta de homem, não sentindo atração por garotas. E foi aqui que não tinha prestado atenção na sinopse, quando parei para refletir onde o autor pretendia levar o enredo. E comparo com a nossa realidade, quando o meio social não aprova essas pessoas e questionam a vida . Muitos ainda acham que é uma doença (ideia de homossexualismo)  quando tentam dispersar/afastar essas pessoas do convívio normal em sociedade. O mundo está evoluindo, mas acredito que o susto ainda é muito grande como pouco tempo aconteceu em minha família com um primo. Minha família até entender e procurar a aceitação precisou de um bom tempo. Eu mesmo, por ser mais novo não me surpreendi muito, até mesmo porque conheço muita gente homossexual  (o que a sociedade chama de “gay”) e não levado para o lado “doença”. E é por isso que devemos deixar de ser amigos? De forma nenhuma.  O autor foi muito responsável em abordar o tema, ainda questionar as drogas, bebidas e como os pais de ambos os personagens iriam aceitar a descoberta dos personagens.

Outra passagem que chamou atenção e destaco, foi como os pais de um dos personagens descobriu a verdade do filho pelos olhares. Sim! Pelos olhares. A escrita de Sáenz joga um balde de água fria para muitos que ainda nutrem o “preconceito”.

Minha edição da editora Seguinte ainda é a prova, mas acredito que a capa terá seus relevos no título do livro. A diagramação é simples e perfeita, não posso destacar os erros de português na tradução de Clemente Pereira por ser ainda uma prova.  Espero ver tudo que destaquei quando receber o livro final. Um infantojuvenil diferente dos que estamos acostumados em ler, suas 392 páginas são degustadas em pouco tempo.

Indico muito a leitura! E antes de começar ler, retire o “preconceito” que haver em você, ok? Você vai sair com outra visão! Por fim, o livro não fala somente do tema que destaquei, mas ensina as pessoas em não ficar se cobrando, tentar descobrir tudo na sua hora e em seu tempo. Apenas viva o hoje sem medo do amanhã e não como outras pessoas querem que você viva. Apenas, leia!!!

Philip Rangel

Philip Rangel é estudante de direito, administrador e resenhista do Entrando Numa Fria, técnico em informática, nárniano, pertence a grifinória, leitor assíduo, futuro escritor, amante de livros, séries e filmes.

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