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Resenha | Lô – Tony Belloto


Capa: André Hellmeister
Páginas: 200
Acabamento: Brochura com Orelha
Lançamento: 03/08/2018
Selo: Companhia das Letras
A paz aparentemente imperturbável de Lô, um bem-sucedido designer de
móveis, será completamente devassada pela namorada adolescente do filho.
Invertendo a estrutura do clássico de Nabokov, Tony Bellotto retorna ao romance e cria uma extraordinária mistura de comédia de costumes, sátira social e narrativa de crime.

Texto escrito por Doug Araújo

Tony Bellotto, guitarrista dos Titãs, lança seu 10º livro da carreira como escritor que começou em 1995 com Bellini e a Esfinge que ganhou uma adaptação cinematográfica em 2001.

Tal qual a saga de Bellini, Lô” também se trata de uma trama policial que Bellotto conduz com grande maestria que a experiência trouxe à ele. Contada em parágrafos curtos e bem desenvolvidos, a primeira parte é dedicada a apresentação dos personagens deste universo de Land Rover, cenário paradisíacos, desertos, condomínios de luxo de frente pro mar. Juliana ou Ju e Lourenço Barclay ou penas Lô, como é carinhosamente chamado pelos amigos, são os personagens centrais. A segunda parte do livro é dedicada aos desdobramentos do envolvimento amoroso dos personagens principais e a terceira – e ultima parte – é contada por meio do diário da investigadora do caso.

A obra passeia por vezes entre o ridículo e o absurdo. Ridículo no sentido da representatividade feminina: todas as personagens femininas são dissimuladas, ensinam as outras a serem mentirosas e as outras que se diferem por serem sucedidas tendem a largar tudo o que conquistaram para serem submissas e ofuscadas. Isso é absurdo, pois o protagonista chega a ser comparado a Jesus e Buda por promover as mudanças nas pessoas ao redor. 

Ainda há no livro a existência de uma relação afetiva entre um homem adulto e uma pré-adolescente. Esta não é a primeira vez que a temática da relação intima com menor de idade aparece na obra do roqueiro-escritor. Em uma entrevista Bellotto revelou que a ideia surgiu da simples necessidade de causar choque nas pessoas.

Se você não é um homem cis, branco e heterossexual com mais de 50 anos –
que parece ser o público a qual se destina a obra – dificilmente se sentirá
atraído por essa ficção da literatura nacional.

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