Resenhas

Resenha: O Azarão, por Markus Zusak

Nome do livro: O Azarão
Nome Original: The Underdog
Autor(a): Markus Zusak
ISBN: 9788528616439
Páginas: 176
Editora:Bertrand Brasil
Ano: 2012
Avaliação: 3,9/5
Onde Comprar: Compare Preços

Antes de tornar-se mundialmente conhecido, Markus Zusak escreveu uma trilogia de sucesso que somente agora está sendo publicada no Brasil. O primeiro título chama-se O Azarão. Fãs de A menina que roubava livros não podem deixar de ler os romances que inciaram a carreira estelar desse autor. Narrado em primeira pessoa, o livro apresenta a história de Cameron Wolfe, um garoto de 15 anos, perdido na vida e que vive às turras com a família. Trabalha com o pai encanador e sua mãe está sempre brigando com os filhos, na pequena casa onde todos moram juntos. Steve é o mais velho e mais bem-sucedido. Sarah é a segunda, e está sempre dando uns amassos com o namorado. Rube é o terceiro e o mais próximo de Cameron. Os dois, além de boxeadores amadores, vivem armando esquemas para roubar lojas e outros locais do tipo. Contudo, os planos nunca saem do papel. Uma história sobre a vida e sobre as lições que dela podem ser tiradas. Um romance de formação que exibe um jovem incorrigível, infeliz consigo mesmo e com sua vida. – “Tento ser humano em minha escrita. Comecei a escrever porque era o caminho natural. Durante o ensino médio eu era muito introvertido. Sempre tinha histórias na cabeça. Então comecei a escrevê-las.” – Markus Zusak

Se o autor Markus  Zusak  já era um sucesso ao publicar A Menina que Roubava Livros (2006),agora ao apresentar o seu primeiro trabalho, sua marca foi definitivamente registrada em meu conceito. O enredo é muito simples: um menino pobre, vivenciando acontecimentos por hora comuns, contando ao seu leitor um pouco de todo o seu cotidiano. Simplesmente essa é a premissa que encontramos nos livros do autor, apresentando argumentos notórios em transformar esse simples em algo extremamente válido ao conhecimento de seu público leitor.

Cameron Wolfe, um garoto de 15 anos é o caçula de seus quatro irmãos. Sua família é simples, como acontece em outras obras do autor. Do lado de seu irmão mais velho, Ruben, formam uma espécie de parcerias em armações, em grandes trapalhas ocasionando muito desgosto na sua família, principalmente aos olhos de sua mãe. Aqui, notamos a repreensão dos pais quando os filhos tendem a regredir quanto a sua criação. O enredo inicia-se quando Cameron faz uma pequena introdução em sua primeira atrapalhada com Ruben: ” Meu irmão mais velho, Ruben,  sempre me mete em encrenca…”, focando também seus outros irmãos: Steve e Sarah Wolfe. A narrativa é toda em primeira pessoa, o personagem apresentando ao leitor fatos que aconteceram no último inverno. O livro não possui pretensões de evoluir, é na ausência dessa qualidade, que conhecemos o autor, alcançando seu auge poético.

Markus  Zusak enfatiza em todo o enredo o valor e deslumbramento que podemos reconhecer e encontrar em nós mesmos, levando em acreditar naqueles que confiam em nós, seja pelas nossas atitudes ou pelo nosso crescimento. O poder do laço familiar é capaz de unir todos os outros laços que envolve pessoas desconhecidas, anônimas que serão destacadas pelo autor. Os conceitos de como devemos viver nossas vidas, os momentos que sempre caímos quando achamos que nunca iremos levantar, os verdadeiros amigos e o amor novamente incondicional familiar são muito bem trabalhados.

“Eu sempre ia viver com esse tipo de falta de confiança em mim mesmo, de dúvida em relação à civilização à minha volta? Eu sempre ia me sentir tão pequeno que ia doer, e que mesmo o grito mais alto, rugindo da minha garganta , era, na verdade, apenas um lamento? Será que meus passos iam sempre parar de modo tão súbito e afundar no caminho?” p.107

As passagens do livro são destacadas em todos os momentos nas fases de um jovem caminhando para sua fase adolescente. Quando os erros, precisam ser visualizados e transformados para um crescimento mútuo satisfazendo nossas necessidades  no meio coletivo em sociedade. Cameron é muitas vezes testado pelo seu próprio “eu”, sentindo muitas vezes cansado em só ouvir e seguir seu irmão mais velho nas trapalhadas. Notamos seus momentos depressivos quando “o azarão” se cansa  sempre em perder e não ter nenhum destaque. Como qualquer adolescente, o primeiro romance não poderia ficar de fora, responsável por transformar as atitudes de nosso personagem quando ele começa a tornar-se responsável trabalhando com seu pai encanador na casa da família Conlon, e seu primeiro olhar para Rebecca Conlon.

“Quando chegássemos lá, pensei, era melhor só enfiar a cabeça na fossa e cavar um buraco para mim. As garotas não gostam de caras como eu. Que garota que se respeite podia me suportar? Cabelo bagunçado. Mãos e pés sujos. Sorriso torto. Que andava mancando, preocupado. Não. Definitivamente, isso não era bom. Nada disso.” p. 95

O Azarão é um romance que introduz os caminhos que levamos na procura de nosso amadurecimento. Cameron começa sua transformação quando presencia que sua vida parou de fazer sentido, que aqueles olhares, principalmente das mulheres nunca vão existir até sua mente, seu físico e suas atitudes não sofrerem uma transformação. Não só ele, também os seus irmãos. Um momento importante que devo frisar são os sonhos no final de cada capítulo, responsáveis pela construção, dosagem e transformação de Cameron, momentos folosóficos, fazendo jus ao nome estampado no livro.

O seu estilo autobiográfico que o autor transmite pelo personagem, é o grande diferencial que encontramos dentro do enredo. Sua sutileza e formas que amarram cada passagem acabam deixando qualquer leitor ávido de terminar sua leitura em poucas horas. O autor mesmo na contra-capa deixa bem claro o verdadeiro sentido de suas obras, quando expõe: “Tento ser humano em minha escrita. Comecei  a escrever porque era o caminho natural. Durante o ensino médio eu era muito introvertido. Sempre tinha histórias na cabeça. Então comecei a escrevê-las.” O livro têm seu destaque, sua sutileza e relevância dentro das obras do autor.

A  arte da capa foi muito bem destacada  pela editora Bertrand Brasil, em alto relevo, apresentando uma espécie de caricatura nas letras. Uma cor forte e desenhos relevantes destacados no enredo. A tradução de Ana Resende, deixa qualquer leitor doido pela sua sequência. Suas folhas amarelas, são fatores cruciais para que uma leitura seja consumida em poucas horas. Infelizmente, finalizo minha avaliação deixando uma nota meio baixa, pôr ter lido o primeiro livro da trilogia e ainda não ter sentido toda emoção relevante aos acontecimentos, chaves cruciais que não foram transmitidas ainda pelo autor. No mais, é um livro muito indicado se você busca conhecer seus limites e retirar algo que fortaleça o seu crescimento.

Cameron Wolfe é um garoto incorrigível. Ele mesmo sabe disso, seu irmão, Rube, também sabe, porque é outro. Eles são capazes de mudar, mas o que seria necessário para isso acontecer?

Philip Rangel

Philip Rangel é estudante de direito, administrador e resenhista do Entrando Numa Fria, técnico em informática, nárniano, pertence a grifinória, leitor assíduo, futuro escritor, amante de livros, séries e filmes.

10 thoughts on “Resenha: O Azarão, por Markus Zusak

  • OMG! Me sinto tão ignorante agora. Não sabia desse lançamento! Adoro as histórias do Zusak. Como deixei esse livro passar?

    Quero muitoo ler!

    Resposta
  • Paula Camargo

    Eu já animaria ler esse livro sem ler a resenha só pelo escritor *-*!
    Depois da resenha,acho que vou ler com toda certeza,parece um bom livro,mas nada comparado ao grande sucesso dele com a menina que roubava livros

    Resposta
  • Superobrigada pela menção à tradutora. Achei muito gentil por parte do resenhista! A sequência do livro é bem emocionante também. Acho que o Markus, embora mais jovem na época, já deixava ver a genialidade dos livros posteriores.
    Um abraço,
    Ana R.

    Resposta
  • Oi Philip,
    Sou muito fã desse autor, não só pelo A Menina que Roubava Livros, mas também pelo Eu Sou o Mensageiro!
    Não sabia ainda sobre essa série, mas vou procurar esse livro com certeza!
    Obrigada pela dica.
    Beijos
    Camis

    Resposta
  • Gladys Sena

    É a segunda resenha que leio sobre esse livro e ambas seguiram a mesma linha de pensamento.
    Acredito que o sucesso do livro “A Menina que Roubava Livros”, causou muitas expectativas para essa trilogia.

    Resposta
  • Clara

    Nunca li A Menina que Roubava Livros, porém já ouvi muitos cometários positivos, fiquei muito curiosa para ler algo do autor. Esse tipo de livro não me chama muito atenção, mas seria uma leitura agradável

    Resposta
  • Paula Camargo

    Só de ser livro do Markus Zusak,já me dá um ânimo maior para ler,acredito que pela estória fará sucesso!

    Resposta
  • A história parece interessante…gostei do único livro que li dele, espero poder ler esse em breve.

    Resposta
  • barbara

    parece ser interessante embora não faça meu estilo de leitura

    Resposta
  • Layse Hana

    Ja li outros livros do autor mais esse titulo não chamou tanta atenção quanto os outros!

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.