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Critica “O Processo”

O Processo (Brasil, 2018)

Direção e Roteiro: Maria Augusta Ramos
Direção de Fotografia: Alan Schvarsberg
Som: Marta Lopes
Montagem: Karen Akerman
Edição de Som: Bernardo Uzeda
Mixagem: Gustavo Loureiro
Direção de Produção: Paula Alves
Produção Executiva: Maria Augusta Ramos
Uma Produção de: Nofoco Filmes
Uma Coprodução de: Autentika Films, Conjin Film e Canal Brasil
Ditribuição: Vitrine Filmes

“O Brasil não é para principiantes”, muitos repetiram essa frase. Elogio ou inocência que esconde o fato de sermos uma nação efetivamente corajosa em pisar na merda sem medo?

É doloroso assistir “O Processo”. Mais que um olhar pelos bastidores do julgamento que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, é o retrato da grave crise política e o colapso da democracia brasileira. A ferida está muito viva, as opiniões continuam convertendo-se em ódio. É muito triste perceber que a democracia novamente está perdendo força a um radicalismo imaturo. Tudo bem, todo radicalismo é imaturo.

A diretora Maria Augusta Ramos não exibe documentário neutro. É corajoso pois o ponto de vista mais abordado é o do ‘golpe’. Mas não se precipite em comemorar ou criticar. O fato é que a diretora expõe um pouco da intimidade de todos e fica claro o cinismo e a teatralização de todos os personagens reais desse momento triste de nossa história e fica muito claro que não há uma representação do povo. A bolha Brasília é a representação da vergonha nacional. Uma cidade arquitetonicamente bela e pensada para o futuro, ao mesmo tempo que é o elefante branco que guarda sanguessugas. Quase nada ali é pensado para o povo.

É um fenômeno mundial: a questão em si não é mais sobre capitalismo x socialismo, mas principalmente sobre democracia X fraternidade. O mundo sofre com a dificuldade das nações em conviver de acordo com suas diferenças econômicas, políticas, sociais e culturais. Comprometendo a fraternidade.

O Processo” tem sido recebido como filme petista. Bobagem. Só consegui perceber como terror. Nossa realidade é assustadora. Argumentos são defendidos com maestria encabeçados ora por sentido emocional (por Janaína Paschoal) ora por argumentação jurídica convincente (por José Eduardo Cardozo). E aí mora o perigo: no jogo dos argumentos a emoção manipula os desavisados e, por outro lado, argumentos jurídicos são apenas teorias recheadas de ego. Ambas almejam apenas a validação de seu ouvinte. Ou seja, a verdade meus caros, pode ser o menos importante para quem argumenta.

Eu sei, é uma percepção extremamente pessimista. Questiono que atitudes deveríamos fazer para contribuir positivamente ao Brasil e não obtenho resposta. A única certeza é que o caminho da democracia fraterna é o melhor. Para o futuro, ainda visualizo um belo país e um povo brilhante ressurgindo do abismo.

Nota: 4,4/5

Trailer Oficial:

Vitor Damasceno

Estudante de cinema atualmente vivendo em Buenos Aires.

4 thoughts on “Critica “O Processo”

  • Luana Souza

    Nossa espero muito que esse filme venha ao meu estado. É triste saber que algumas pessoas nem se dão o trabalho de conhecer a fundo tudo o que aconteceu só por achar que é um filme petista e fechando os olhos para a questão principal que foi o desrespeito pela nossa democracia. Eu acho que infelizmente as pessoas estão cheias de ódio e cegas para muitos assuntos que deveriam ser debatidos por todos nós. Enfim prevejo um filmão que eu com certeza não deixarei de assistir!

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    • Vitor Damasceno

      Exatamente Luana ! É importante ver outros lados de uma história.

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  • nathalia silva

    Acho que essa narrativa neutra vem a calhar, nesse momento em que o extremo assola a política mundial e especialmente a nossa. O problema da democracia em nosso país é justamente o fato dela não ter sido consolidada de fato e como vemos, vinte anos depois do fim de um sistema totalitário no Brasil, existe mais uma quebra no sistema político do país que pode corrobora para um futuro indigesto na história desse país. É curioso que apesar de toda a modernidade, ainda estamos enfadado a viver o 8 ou 80 e deixando passar o que de fato importa, que nada (ou pouco) mudou.
    O Brasil não é um país para principiantes, e quanto mais o tempo passa, mais tenho a sensação de que minha geração (anos 90) e atual (00) não vai poder mudar muita coisa.

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    • Vitor Damasceno

      Nathalia engraçado que falei no texto que não encontrava respostas, mas curiosamente depois percebi que existe uma saída sim e nossa participação mesmo que pequena contribui. Abraço

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