Críticas

Jurassic World: Dominion | Crítica

Quando “Jurassic Park“, de Michael Crichton, foi publicado em 1990 já haviam várias propostas para uma adaptação cinematográfica do livro em andamento. É curioso pensar que tratava-se de um livro que o próprio autor segurou em sua gaveta por anos, determinado a deixar passar a dinomania dos anos 80. Nas palavras do próprio autor, não havia nele desejo algum de surfar em ondas de modismos ou de aparentar estar seguindo tendências populares. Em 2022, tudo que “Jurassic World: Dominion” faz é surfar nesses mares. Na moda da vez, o fascínio pelos dinossauros fica de lado, entra em tela a ação genérica e a nostalgia barata.

Jurassic

Ruim? Não, apenas monótono

Definitivamente, Colin Trevorrow não demonstra ter as qualidades para extrair dessa franquia o que ela tem de melhor. O diretor, que assina o roteiro em conjunto com Emily Carmichael (“Pacifc Rim: Uprising”), parece entender que o livro é um trilher científico e que o filme é uma aventura de terror que encanta com o fantástico das criaturas, mas é incapaz de transmitir isso em cena.

Todas as suas tentativas de evocar algum sentimento caem em uma pieguice inconsciente sem tamanho, tais quais as imagens contra o pôr do sol de dinossauros em meio à animais modernos nas savanas. Embora a composição das imagens digitais sejam belíssimas, talvez coubessem melhor como um protetor de tela para seu computador e não como um frame no cinema.

Dessa forma, sem perceber, o filme vai esvaziando a presença icônica dos dinossauros e tirando deles toda a reverência que antes tinham. Sem a auto-reflexão do próprio texto, o filme se euto referencia sem querer, ao ser a própria produção uma represetação dos traficantes de animais de uma cena específica.

Não é primeira vez que isso acontece. Igualmente se podia dizer isso do revival da franquia em 2015, onde um personagem demonstrava desinteresse pelos animais. No entanto, restava lá o espetáculo natural do parque, perdido aqui na monotonia da pirotecnia. Talvez falte uma boa peça no roteiro, a do mestre do espetáculo. Que falta faz um Spielberg.

E não faltou gente, faltou esforço

Antes de tudo, a produção tinha todas as cartas na mão. Um excelente elenco, um alto valor de produção e literalmente, todo um mundo a explorar. Por outro lado, o roteiro parece tomar todos os caminhos de sobressalto.

Há ali a excelente discussão do desastre ambiental, com toda a carga científica que há nos livros de Crichton. No entanto, é incrível como o autor conseguiu fazer isso de forma melhor no seu primeiro capítulo. Sem cuidado, a discussão se torna tão anedótica que talvez faça mais mal do que bem no debate, já que não marca nem envolve.

Da mesma forma, o retorno do elenco original parece gratuito e protocolar e, se vale de algo, é perceber que a turma antiga se diverte com os absurdos. E portanto, talvez seja essa a chave para se divertir com esse filme: Perceber que o absurdo já é tanto parte da nossa vida que nem mesmo dinossauros clonados do âmbar nos cativam.

O que vem depois disso? A extinção? Claro que não, a franquia seguirá em frente. Esperemos que apenas depois de um merecido descando.

Jurassic World: Dominion

EUA – 2022

Direção: Colin Trevorrow

Roteiro: Colin Trevorrow/Emily Carmichael

Elenco: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Isabella Sermon, Laura Dern, Sam Neill, Jeff Goldblum

Veja o Trailer

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