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Rua do Medo Parte 1: 1994 | Crítica (2021)

Rua do Medo” que está virando uma trilogia na Netflix, e pelo que posso ver, chegou cheia de elogios. Aqui no Brasil, a coleção de terror adolescente ainda não é tão conhecida quanto a outra série de livros de R.L. Stine, os infantis “Goosebumps“. Suponho que isto está para mudar.

Para gerações de fãs, Rua do Medo não era apenas uma série de livros assustadores voltados para adolescentes. Era uma senha, uma forma de dizer aos outros que você fazia parte do clube que valoriza o medo.

Na minha modesta opinião, um autor muito mais competente e honesto do que Stephen King e que me merece o reconhecimento por essas bandas. Um verdadeiro mestre dos “tales” americanos, com um grande senso de época e “timing” para os gostos do público, o autor também ficou conhecido quando em uma fala criticou a noção mítica de uma história é uma obra da inspiração:

“Quando os autores vão às escolas e dizem às crianças ‘Escreva com seu coração’, essas crianças nunca mais vão escrever! Eu digo para as crianças: ‘Já escrevi 330 livros, nenhum veio do meu coração. Nem um sequer! Todos eles foram escritos para entreter o público. É isso’”

No primeiro de três filmes-evento lançados semanalmente na Netflix, “Rua do Medo Parte 1: 1994” temos marcadamente esse mesmo espírito.

A trama apresenta o mundo de Shadyside, uma cidade americana decadente, atormentada por drogas, pobreza e tantos assassinatos sangrentos que também é conhecida como “a capital do assassinato”. Lá, de tempos em tempos, algum habitante misteriosamente surge para matar seus vizinhos, antes de morrer violentamente. A lenda local afirma que Shadyside é amaldiçoado por uma bruxa que possui os habitantes da cidade para fins homicidas.

O filme tem suas fraquezas, em especial para os maiores fãs de filmes slasher. Há várias facilitações de roteiro, que incomodam, mas que ao mesmo tempo reverenciam um gênero marcado por elas. Mas outras conveções são subvertidas. Não existe aqui uma Final Girl que iremos aprender a admirar, nem loira louca por sexo e essensialmente burraa, menos ainda um atleta sem cérebro entre os protagonistas. 

No lugar disso, temos personagens que se recusam a se encaixar em moldes pré-fabricados e que dialogam bastante com a juventude atual. Equilibrando esse tom jovial com o estilo de filmes dos anos 90 e a premissa da série literária, o roteiro de Phil Graziadei e Leigh Janiak criam personagens, que não parecem familiares ou refeitos, mas autênticos e vivos. Então, quando um assassino está em seus calcanhares, nos importamos com eles.

Também cabe dizer como a relação entre as protagonistas cativa e é igualmente orgânica, gerando um dos melhores casais da telinha para 2021.

O problema maior passa a ser sua necessidade de ser um hibrído entre filme e seriado, já que perde bastante tempo tentando criar antecipações para os próximos “capítulos”. Sem isso, seria muito mais interessante. No fim, apesar de formulaico e cheio de penduricalhos, “Rua do Medo Parte 1: 1994” vai muito bem até o seu desfecho, que é onde mais peca e que não funciona muito bem.

Assista aqui.

Rua do medo Parte 1: 1994 (Fear Street: 1994)
Ano: 2021
Netflix
Direção: Leigh Janiak

Elenco: Kiana Madeira, Olivia Scott Welch, Benjamin Flores Jr., Julia Rehwald, Fred Hechinger, Ashley Zukerman, Darrell Britt-Gibson, Maya Hawke, Jordana Spiro e Jordyn DiNatale

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