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Conte Comigo |Crítica – Revisitando

                                  *escrito pelo colunista convidado Carlos Dias

“Bocarra, pega nas bolas…!!!!

Assim o dono do ferro velho gritou para seu cachorro, enquanto quatro adolescentes corriam em meio a carros abandonados e sucatas.

Suspeitíssimo em falar desse filme, dessa obra prima, afinal, usei a música tema para entrar em meu casamento, e 15 anos depois usei a mesma música para renovar meus votos com minha esposa.

Meus olhos se umedecem, talvez pelas lembranças que estão forjadas da minha juventude junto com este filme. 

Nunca subestimem a sessão da tarde pessoal, é de lá que estas maravilhas vinham.

Difícil encaixar este filme em uma categoria. Comedia? Não. Aventura? Com certeza. Suspense? Talvez. Me arrisco a inclui-lo em um baita romance.

E terror? Será que dá? Dá sim!!! Afinal, este filme é baseado em conto chamado ¨O Corpo¨, do mestre do terror Stephen King.

Que em suas próprias palavras,” a melhor adaptação de uma obra minha…”

Se pensar em sucesso de bilheteria, para os números da época, pode acrescentar este, custou 8 milhões de dólares e arrecadou 52 milhões.

É meio difícil falar sobre a maneira como fora filmado, pois os padrões e os roteiros dos anos 80 me parecem mais livres em comparação aos filmes de mesma categoria de hoje.

Vejam bem, temos quatro adolescentes com idade entre 12 e 14 anos. Abusados física e emocionalmente por seus pais. Eles fumam. (embora os cigarros fossem feitos de folha de repolho, mas quem liga?) . Eles têm uma arma roubada. E os palavrões, são tantos que se fossem retirados, os diálogos perderiam o sentido. E volto a afirmar que foi um sucesso de bilheteria.

E os atores.? O que falar sobre? Meu Deus…muita qualidade junta, diferente dos atores formato Disney de hoje em dia, em que se mexem tanto e tão caricaturados são mais parecendo bonecos de ventríloquos, neste filme nós temos algo distinto chamado: talento de interpretação.

Richard Dreyfus faz a narrativa do filme, procure ouvir o áudio original e me diga se palavras não passam imagens. Temos John Cusack em uma pequena aparição, não menos importante.

Ai o resto é brincadeira de tanto sucesso, Kiefer Sutherland como o badboy clássico, Corey Feldman faz o garoto zueiro e sem noção, Will Wheaton encarna o personagem principal (Stephen King em sua juventude) doce e atormentado. Jerry O’Connell da início ao gordinho da turma que dai em diante fica presente em quase todo filme sobre historias de juventude. 

E temos River Phoenix que poderia ser ou já era o maior talento de todos os tempos, cujo personagem carrega a história nas costas. Morto tragicamente poucos anos mais tarde de uma overdose de cocaína na porta da boate de seu amigo Jonny Depp. Seu irmão, Joaquin Phoenix, recentemente ganhou o Oscar pelo filme Coringa (The Joker)

Ray Brower é o personagem que dita a direção em que a historia avança, como o rapaz que foi atropelado por um trem e seu corpo nunca fora encontrado.

Estes quatro amigos se juntam, fazem suas bolsas de suprimentos, carregadas de balas, doces, e algumas moedas retiradas de um cofre. Não podemos esquecer de uma pistola.

Vamos encontrar este corpo! Assim vamos ficar famosos. Esta era a vontade deles, fugir de alguma maneira das suas próprias vidas, de suas famílias falidas e de sua cidadezinha.

O filme se passa na cidade de Castle Rock Oregon em setembro dos anos 1969.

Em sua jornada são jovens machucados de verdade, feridos pela vida já tão difícil, sem expectativas ou sonhos.  Assombrados quer seja pelos pais narcisistas, ou pela morte abrupta de um irmão preferido, ou pelas surras de um pai alcoólatra, eles caminham com proposito firme.

A música de 1961, Stand By Me, dá nome ao filme no idioma original, vem sempre ao fundo preparando nosso estomago para as emoções das falas em grupo, onde a câmera sempre enquadram dois ou os quatro de uma vez.

Procure pela cena do trem na internet, você vai entender sobre quais emoções quero compartilhar.

Olhos marejados vêm inclusos durante a sessão. E tensão, muita tensão.

Os acontecimentos transformam cada personagem e extraem dos mesmos personalidades adormecidas.

A narrativa final do filme com as despedidas após o término da grande aventura, nos deixa ansiosos em parar por ali, não queremos deixar o filme prosseguir até o seu fim, mas não tem jeito, toda historia é viva, e flui imbatível.

Revelações de um futuro dos personagens nos deixa desanimados, não podia terminar assim.

Mas por um pouco de tempo, vivemos esta aventura teen dos anos 80, junto deste grupo destemido.

Filme fala sobre o vínculo da amizade, e propósitos em comum.

Embarque junto comigo, vamos ver o que mais temos nesta década tão rica.

*atualmente o filme está disponível na plataforma Netflix

Stand by Me

(EUA, 1986)

Direção: Rob Reiner

Roteiro: Raynold Gideon, Bruce A. Evans

Elenco: River Phoenix, Richard Dreyfuss, Corey Feldman

Distribuidor: Columbia Pictures (atualmente Sony)

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