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Companhia das Letras | Na Mira dos Lançamentos

Encontro de livreiros | Fevereiro de 2021

Mensalmente a Companhia das Letras promove um encontro entre livreiros no qual apresenta seus lançamentos. Hoje, dia 04 de fevereiro, o encontro aconteceu pela manhã e contou com a presença das autoras e autores Lira Neto, Luiz Schwarcz, Micheliny Veruschk e Natércia Pontes.

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Os autores falaram de suas obras, processos criativos e de pesquisa. Os quatro títulos abordam assuntos distintos, mas curiosamente todos abordam períodos históricos ou situações pessoais marcadas por dores e reflexões. Em seguida comento um pouco sobre o que os autores nos contaram.

Arrancados da terra | Lira Neto

O novo livro do historiador Lira Neto traça a rota dos novos cristão de Portugal até Nova Amsterdã, durante os séculos XVII e XVIII. Investigando a história de religiosos, intelectuais e pessoas comuns, como lavradores e comerciantes, o livro de 464 páginas aborda a resistência desses imigrantes que passam por Recife antes de se situarem na atual ilha de Manhattan.

O autor contou que sua ideia inicial era escrever uma obra sobre Maurício de Nassau. Mas em suas pesquisas foi descobrindo e se envolvendo com outras histórias até chegar no ponto de partida para “Arrancados pela terra”. Para Lira, sua ida para Portugal “fez ‘furar a fila’ nas produções e focar nessas histórias”. O autor rastreou os caminhos percorridos por essas pessoas, judeus perseguidos durante a Inquisição Portuguesa.

Assim sua pesquisa leva o leitor por uma história de resistência em meio ao preconceito religioso. “A leitura dos arquivos de registro da inquisição, feitos para perseguir àquelas pessoas, foi feita com cuidado e olhar crítico sobre a situação”, aponta Neto.

A partir dessa perspectiva quem se aventurar nessa leitura poderá observar o período pelo olhar dos inquisidores e dos refugiados, podendo assim exercer um olhar crítico sobre fatos históricos. E não se preocupem com a linguagem. Como Lira mesmo comentou “o escritor é um tradutor” que adequa a linguagem do pesquisador e da academia para o público também se beneficiar daquele conhecimento.

O ar que me falta | Luiz Schwarcz

O fundador da Editora Companhia das Letras lança em 26/02 sua autobiografia “O ar que me falta”, uma história sobre sua família e sua luta contra a depressão. O título é um livro de memórias no qual ele resgata a história de seu pai e avô. O texto percorre a vida do autor e a maneira como ele foi se relacionando com o passado de sua família.

Seu pai e avô foram refugiados durante o Holocausto. Ter conhecimento dessa história influenciou a maneira como Luiz lidou com a vida. Dentre esses fatos e outros o escritor aborda a depressão, ansiedade e transtorno de bipolaridade. Não apenas a em si, mas também em seu pai. Desta maneira o autor abre seu coração para falar de como se adaptou às medicações, ainda que umas tenham sido prescritas de maneira errônea. Ele fala também da experiência com a psicanálise e da obsessão com livros e discos.

Aliás, esse acumulo de discos ao longo da vida está sendo convertido em uma playlist que em breve será lançada pela editora. Em meio a todo um relato emocionante, Luiz confessa “Fazer livros bonitos é a história da minha vida, eu vivo para isso”.

As tais caquinhos | Natércia Pontes

Após sete anos Natércia Pontes conseguiu dar a luz ao seu romance de formação sobre uma adolescente vivendo em meio ao caos de um apartamento velho, com seu pai e sua mãe. Com uma escrita que asfixia, como a própria adolescência, ou como o apartamento em que a história é ambientada, “Os tais caquinhos”, segundo a autora, é “um recorte, um híbrido, mas também um romance comum”.

Neste lançamento da companhia das Letras, Natércia usa em parte de sua memórias, registros, falsas memórias e acúmulos para dar vida à Abigail, protagonista da trama. Deste modo a relação familiar na obra é inspirada em parte da relação que existiu entre ela, o pai e a irmã.

Sobre criar a personalidade de Abigail, a autora comenta: “Passar por esse caminho autobiográfico foi uma maneira de entender”, solucionar como seria “a personagem”.

O som rugido da onça | Micheliny Verunschk

Após ver uma fotografia em uma exposição Micheliny Verunsch quis ter mais informações sobre as crianças retratadas. Elas eram indígenas e foram sequestradas de sua aldeia pelos naturalistas Von Martius e Spix.

A autora buscou a ajuda de uma amiga que mora na Alemanha e iniciou sua pesquisas sobre como aquelas crianças chegaram lá. Segundo Micheliny, esse caminho foi quase autobiográfico, pois “precisei fazer uma viagem de descoberta sobre mim, minha história e meu passado”.

Em sua pesquisa e processo de escrita ela se deparou inúmeras vezes com a onça, animal presente no título. O que a autora reflete é no quanto o animal está ligado a vários aspectos em discussão na atualidade: o feminino, preservação ao meio ambiente, violências, feridas históricas, um Brasil que precisa ser curado.

Outros lançamentos da Companhia das Letras

Dentre os outros lançamentos anunciados estão:

  • “Será que sou feminista?”, de Alma Guillermoprieto
  • “26 poetas hoje”, organização de Heloísa Buarque de Hollanda (relançamento de comemoração de 45 anos)
  • “As 29 poetas hoje“, organização de Heloísa Buarque de Hollanda
  • “Algo Antigo”, de Arnaldo Antunes
  • “Recordações de minha inexistência”, de Rebeca Solnit
  • “Como evitar um desastre climático”, de Bill Gates
  • “Minha História – para jovens leitores”, de Michelle Obama
  • “O impulso”, de Ashley Audrain
  • “Para ressignificar um grande amor”, de @akapoeta
  • “É assim que se perde a guerra do tempo”, de Max Gladstone

Ficou curioso sobre mais lançamentos da Companhia das Letras? Clique aqui para conhecer outros lançamentos da editora.

Leia também | Irmãos: Uma História do PCC | Resenha

Yasmine Evaristo

Artista visual, desenhista, eterna estudante. Feita de mau humor, memes e pelos de gatos, ama zumbis, filmes do Tarantino e bacon. Devota da santíssima Trindade Tarkovski-Kubrick-Lynch, sempre é corrompida por qualquer filme trash ou do Nicolas Cage.

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